Quando o combustível da marcha é o ódio, o final da jornada será o abismo. Sempre. Se esse mesmo ódio receber como aditivos vindos direto da bomba a intolerância, a soberba, a insanidade e a brutalidade, embaçando a visão do trajeto, o final da jornada será necessariamente o abismo. Sempre. Não importa a causa, que até pode ser, em essência, justa. A causa, por mais justa e legítima e louvável que seja, sucumbirá ao abismo se for conduzida pelo ódio, pela raiva, pelo rancor, pela desinteligência, pelo belicismo, pelo segregacionismo, pelo socar a mesa, pelo desamor. Não há causa justa que se sustente quando os pilares são fundeados sobre as areias movediças do fel e da estupidez. Nesses casos, à frente, no final do caminho, nada mais haverá a esperar do que a voraz beira do precipício, no qual sucumbirão todos os acólitos que concordaram em marchar sob o incentivo da raiva. Sempre.
Opinião
Marcos Kirst: em tempos de tanque cheio
A causa, por mais justa que seja, sucumbirá ao abismo se for conduzida pelo ódio
Marcos Kirst
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