Essa semana, oficialmente, está acontecendo uma movimentação pensada, gerada e construída a partir da força de várias mulheres desta cidade. Temos programações de cinema, literatura, debates sobre direitos, saúde, segurança, temos encontros, marchas, discursos e rodas de conversa. Tudo isso para que possamos celebrar um pouco mais nosso fortalecimento. É a semana da visibilidade lésbica, que surge pelo esforço e a disponibilidade generosa de muitas mulheres.
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Há alguns meses que nos encontramos para debater como podemos viabilizar nossas demandas e como podemos nos fazer presentes em diversos debates. Esforços conjuntos, muitas trocas e afetos. A experiência de campo foi compartilhada pela Marcha Mundial das Mulheres de Caxias do Sul, que bem nos amparou e nutriu. Somos marchantes e agora, estamos mais visíveis.
Às vezes, eu tenho a sensação de que faço pouco, a sensação de, ao olhar para frente, enxergar um longo e obscuro caminho. Falta tanto para termos igualdade e justiça social. Porém, quando olho para trás, quando vejo o caminho que já trilhei e quantas mais estão juntas nessa estrada, quando vejo tudo que já foi feito, as pedras assentadas, as flores postas, as luzes de emergência, os espaços de acolhimento, quando vejo tudo isso, me sinto profundamente agradecida às mulheres que vêm desde muito, desde tanto, caminhando para que hoje seja menos duro estarmos aqui.
Saúdo minhas amigas, minhas amoras, companheiras de jornada nesse mundo tão hostil. Saúdo, pois vocês criam lugares possíveis, lugares de afeto. São vocês que me fazem pensar que tudo vale a pena, que a gente precisa continuar, estar presente de verdade, em que pese o ódio, o escárnio, o desprezo. É por causa de vocês, mulheres, que sabem quem são, que resistimos, em que pese a ignorância, a falta de empatia, a desumanidade.
É muito simples estar ao nosso lado: basta respeitar. É muito simples estar ao nosso lado: basta escutar. Antes de falar, ouça! É muito simples estar ao nosso lado: basta ter empatia e querer aprender.
Há muitas experiências de existir neste nosso mundo. Colocar-se no lugar do outro pode ser a chave para que nossas vidas sejam muito mais valiosas. Não ao uso da violência. Sim ao uso da força criadora e criativa, da força amorosa, que gera projetos como este da semana da visibilidade lésbica.
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