Muito mais do que aranhas, poeira e ácaro podem saltar de dentro de caixas de guardados. Nostálgico e memorialista como sou, cultivo fissura pelo ato de mergulhar dedos, nariz, óculos e atenções nesses depositórios de lembranças, de vidas e de memórias que resguardam o passar das eras e das biografias por meio do acúmulo (ordenado ou não) de cartas, documentos, fotografias e papéis diversos. Jogar uma caixa de memorabília no meu colo é o atalho mais fácil para garantir que eu fique quietinho num canto fuçando ali, imerso na pescaria de universos passados, catando preciosidades que o Tempo não foi capaz de apagar por meio da ação corrosiva que costuma produzir sobre a manutenção da Memória. Logo começo a sentir saudades de gente que nunca conheci, de tempos que não vivi, de coisas que outros fizeram. É assim que produzo a mágica de evocar vida a partir do silêncio que adormece nas fronhas do passado.
Opinião
Marcos Kirst: parente, mas não serpente
Logo começo a sentir saudades de gente que nunca conheci, de tempos que não vivi
Marcos Kirst
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