Nós, madama, seres animados e racionais que somos, parecemos passar grande parte de nossas existências dedicados à tarefa contínua e interminável de transportar de um lugar para outro todos aqueles seres inanimados que nos cercam, e que costumam ser maioria. Não, madama minha, não me refiro àquele seu sobrinho que se imobiliza no sofá a tarde inteira e não se mexe mesmo quando cutucado com a vassoura para que levante e pelo menos vá tirar o lixo uma vez na vida para ajudar um pouco, pelamordedeus! Não, na verdade, me refiro aos seres inanimados mesmo, às coisas sem vida, aos objetos que criamos para que nos sejam úteis, mas que só o são quando reposicionados nos lugares em que deveriam estar mas nunca lá estão, a não ser quando levados por nós.
Opinião
Marcos Kirst: A animação dos inanimados
As canetas nunca estão onde deveriam estar para que nos sirvam devidamente
Marcos Kirst
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