A instalação da Divisão de Proteção ao Patrimônio Histórico (DIPPAHC) no complexo da Maesa, que marcou o início da ocupação do prédio pela prefeitura, na última sexta-feira, deu margem para uma polêmica que ainda se estende nas redes sociais. Não quanto à ocupação, mas sim a opção de instalar o órgão no espaço que teve a fachada descaracterizada durante a ocupação pelo grupo Voges (alteração nas janelas e pintura sobre os tijolos), e que passou por nova pintura visando a entrada da DIPPAHC. Teria sido incoerência sediar um órgão responsável pela preservação da memória caxiense num espaço já maculado?
A presidente do DIPPAHC, Heloise Salvador, considera que a pintura não pode ser considerada uma descaracterização, por se tratar de uma aplicação reversível. Heloise acrescenta que o plano de intervenção na Maesa prevê a padronização das fachadas, razão para que nenhuma providência envolvendo a remoção da tinta tenha sido tomada por ora.
– A pintura que foi feita para remover as pichações não é uma descaracterização, pois já existia uma pintura anterior, que deverá ser revertida mais adiante, quando for colocado em prática a reestruturação completa. A recuperação das fachadas sequer é um processo caro, perto de tudo o que precisará ser feito. Trata-se da remoção de uma tinta comum, sem qualquer aditivo. Mas nós não poderíamos mexer nisso agora, sendo que há toda uma padronização que será feita depois. Seria um gasto desnecessário de dinheiro público – argumenta.
O imóvel foi tombado em 2015, quando ainda era locado para a metalúrgica Voges. Após receber a escritura do governo do Estado (que recebeu o prédio como pagamento de dívida da Mundial S.A.), em março do ano passado, o município tinha até o fim deste ano para iniciar a ocupação – o que se deu com a DIPPAHC e com um posto da Guarda Municipal. A secretária municipal de Cultura e presidente da Comissão Especial de Ocupação da Maesa, Adriana Antunes, destaca que há diversas linhas de pensamento para a preservação do patrimônio, inclusive uma que considera necessário manter a pintura, por também marcar um período da história do prédio.
– Optamos por utilizar aquele espaço por duas razões. Por se tratar de uma área que já foi descaracterizada, oferecia possibilidade de utilização, enquanto todo o resto precisa passar por uma avaliação junto ao COMPAHC (Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural). Além disso, existe um pedaço da história da Maesa em que ela foi descaracterizada, que pode não ser um pedaço bonito, mas que aconteceu. São formas diferentes de compreensão e por enquanto optamos por essa. A questão da reversão ou não da pintura é uma etapa a ser dialogada mais adiante — esclarece Adriana Antunes.