Artistas e produtores questionam critérios e decisões das CASFs

Quarta-feira pela manhã artistas representantes do segmento da dança caxiense entregaram à secretária municipal da Cultura, Gabriela Giovanardi Dozza, um documento que explicita um descontentamento quanto aos pareceres e procedimentos da Comissão de Avaliação do Financiarte (CASFs).

O gesto reverbera em outros setores da artes em Caxias, como a música e o teatro, também incomodados com as CASFs de suas áreas. Cortes de valores, avaliações consideradas equivocadas e critérios confusos são alguns dos pontos de discórdia. No todo, artistas e produtores temem pelo retrocesso desse recurso de fomento à produção artística na cidade.

– Parece que, de estímulo ao artista, passa para o desestímulo. Nesse ano, isso está acontecendo com a maioria dos artistas – diz Ricardo Dini, músico e produtor cultural, que já integrou o Conselho Municipal de Cultura e foi integrante da CASF de música.

Pedindo revisões de critérios, renovações dos integrantes das comissões e respeito aos cachês pleiteados pelos artistas para seus trabalhos, as críticas dos artistas são conjunturais.

– Estamos vivendo um retrocesso. Deveriam escutar mais os artistas. A ideia de fomento começa a se perder. Tem muita gente que precisa de projetos para viver – diz Katherine Brusa, produtora cultural de dança.

Para alguns dos 16 artistas da dança que inscreveram projetos nesta edição, o parecer da CASF soou como desestímulo.

– A avaliação da CASF torna desmotivador trabalhar com dança em Caxias. É triste perceber que uma das maiores formas de fomento a arte está perdendo força – diz o bailarino David Cruz, que teve projeto reprovado o primeiro projeto encaminhado ao Financiarte.

O descontentamento também atingiu os teatreiros. Alguns já encaminharam questões à Secretaria da Cultura. A correspondência do ator e produtor Roberto Ribeiro tem 13 páginas e muitos pontos para debate. Ele acredita, por exemplo, que não é papel dos integrantes da CASF dizer o que os artistas têm ou não que fazer.

– É preciso colocar lá pessoas que tenham experiência, formação e capacidade de diálogo. Que sejam comprometidas com as políticas públicas para as suas áreas – acredita Ribeiro.

O músico Lázaro Nascimento faz coro às críticas:

– Parece que têm desconfiança dos artistas.

Além do documento entregue pelos artistas da dança, produtores culturais caxienses devem se reunir na próxima semana. Dentre tantos temas que julgam urgentes, um deles seria formalização de tempo determinado para integrar as CASFs.

– Notei uma insurgência em todos os segmentos. A princípio, sem uma análise mais profunda, penso que isso seja o reflexo do aumento de inscrições. Fica mais difícil de contemplar todos – disse a titular da Cultura, prometendo avaliações mais completas para a próxima semana.