Nos últimos 15 anos, houve um aflorar de orquestras e festivais de música erudita de qualidade no Brasil. Mesmo assim, ainda nos falta a cultura de prestigiar concertos ao vivo. A análise é do músico e professor de contrabaixo da UFRGS Alexandre Ritter, solista convidado da edição desta quinta-feira do Quinta Sinfônica, da Orquestra Sinfônica da UCS (Osucs).
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– Não somos ensinados a como ouvir música erudita, no que prestar atenção, no que infere participar de um concerto ao vivo. Em outros países onde a música erudita faz parte da educação básica de todo o cidadão, o costume de "consumir" música erudita ao vivo é uma cultura importante, faz parte da necessidade do bem-estar de cada cidadão – avalia.
E é justamente para lançar as sementes dessa formação do público que a Osucs deu início, ainda em abril, ao projeto Intervalo para Música Clássica. Nele, o maestro, músicos e solistas convidados visitam cursos de graduação da UCS para uma aula informativa sobre a orquestra, seus naipes e instrumentos, além de convidá-los a assistir aos concertos. A ideia é disseminar a cultura clássica, por meio de encontros com três turmas por mês.
– A orquestra da UCS faz um maravilhoso trabalho nesse sentido, trazendo música de altíssimo nível à comunidade na qual se insere. Além disso, vai à comunidade falar desse trabalho. Isso é fundamental para que ajudemos a transformar essa grande arte num dos aspectos importantes em nossa cultura _ elogia Ritter.
Os estudantes que resolverem iniciar-se na música clássica no concerto de hoje (e todo o público que comparecer a essa edição do Quinta Sinfônica) terão a oportunidade de conferir um repertório que começa com Black Forest, de Boris Kosak; Sconcerto, de Armando Trovajoli, e Valse Oubliée, de Franco Petracchi, ambas com a participação de Ritter; Sarabande, de Claude Debussy/Maurice Ravel; e Danças do Ballet Estancia, Op. 8, de Alberto Ginastera.
Sobre Sconcerto e Valse Oubliée, Ritter destaca que ambas possuem uma narrativa musical na qual cada frase tem um significado, um pano de fundo quase cinematográfico, em que diferentes cenários se desenvolvem por meio da peça.
– O ouvinte será levado pela história e transportado para fora da realidade, como num estado de sonhos – promete o solista.
Professor que é, Ritter também destaca que os italianos Travajoli e Petracchi, além de grandes artistas e músicos, têm importância ímpar por suas influências como pedagogos, regentes e compositores. Para os caxienses, ele deixa um recado:
– O público pode esperar um concerto emocionante, em que cada música vai criar sentimentos, reações, estados de espírito e químicas das mais diferentes possibilidades. Como um pintor que pela primeira vez depara com uma canvas totalmente branca, ele poderá criar suas próprias histórias e ter diferentes reações com cada música executada nesse concerto.
E completa:
– Gostaria de que o público realmente mergulhasse profundamente nas emoções que cada música poderá criar em sua experiência íntima. E, se possível, saísse do teatro modificado, elevado e transformado pela grande arte da música ao vivo.
AGENDE-SE
O que: Quinta Sinfônica, com a Orquestra Sinfônica da UCS e o solista Alexandre Ritter
Quando: nesta quinta, dia 12, às 20h30min
Onde: no UCS Teatro (Cidade Universitária)
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (idosos e estudantes), na Loja Spaço Omni, na Galeria Universitária; na Livraria do Maneco, no Centro; e no Posto Deltha, em frente à prefeitura
PROGRAMA:
- Black Forest para orquestra sinfônica, de Boris Kosak
- Sconcerto - Suíte para contrabaixo e orquestra, de Armando Trovajoli - Solista Alexandre Ritter (contrabaixo)
- Valse Oubliée para contrabaixo e orquestra de cordas, de Franco Petracchi - Solista Alexandre Ritter (contrabaixo)
- Sarabande (Suite Pour le Piano), de Claude Debussy/Maurice Ravel
- Danças do Ballet Estancia, Op. 8, de Alberto Ginastera
Música
Contrabaixo é destaque no concerto da Osucs, nesta quinta, em Caxias
Edição do Quinta Sinfônica tem como solista professor da UFRGS
Maristela Scheuer Deves
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