Mais do que demonstrar toda a versatilidade artística de Genoveva Parmeggiani Finkler, a exposição que a Galeria do Campus 8 abre nesta quinta propõe um recorte da própria personalidade da caxiense, traduzindo por meio das obras ali expostas marcas como a vivacidade e a inquietude. São pessoas, bichos, natureza, madeira, tecidos... formas físicas e geométricas que conduzem o espectador para cenários particulares e pessoais.
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- Todo o universo artístico dela é por onde ela circula, as flores são as flores do jardim dela, os pássaros são aqueles que ela fotografa, tem uma aquarela da cidade de Firenze (onde a artista foi estudar, nos anos 1990), tem uma obra que retrata a mãe dela e a saudade que ela sente, tem autorretrato. Todas as peças selecionadas fazem alguma relação com a história da Geno - explica Silvana Boone, curadora da mostra e amiga de longa data da artista.
Batizada apenas com o número 50, a mostra abre as comemorações do aniversário do curso de Artes da UCS - do qual Geno integrou a primeira turma - além, é claro, de fazer uma retrospectiva da produção prolixa da artista. Estão ali desde os traços ainda inexperientes de uma menina de 12 anos que resolveu pintar pássaros para o irmão de cinco anos, até as corujas e gaviões impressionantemente reais da última série inédita produzida pelas mesmas mãos, seis décadas depois. Apesar do abismo técnico que separa uma manifestação da outra, ambas (e todas outras) carregam importância semelhante na história da artista.
- Pensa se não é uma benção, eu me ocupar de tantas coisas boas: minha família, meus netos, minha arte e meu mato - lista a elétrica artista de 74 anos.
De fato, esse pilares se confundem em qualquer conversa que se engate com Geno. Falante e divertida, ela provavelmente vai contar algo sobre o mundo encantado de bichos e plantas (tudo no chão ou nas árvores, "nada em vasinhos") que povoam o jardim de sua casa, vai mencionar a paixão que sente pelos sete netos, vai contar alguma história dos quatro filhos e pode ser que lembre ainda das perdas mais difíceis que já enfrentou (um filho morreu aos 22 anos e a única filha aos 37). Pode ser que fale ainda do gosto por esportes, por movimento, e claro, por pincéis, lápis coloridos, lápis pretos, vime, madeira e outras matérias-primas de sua arte. Desenho, monotipia, escultura, xilogravura, aquarela, litografia, pastel, grafite, batik e calcografia são algumas das técnicas já usadas por ela nesses (mais de) 50 anos de trajetória.
- São poucos artistas quer transitam por tantas técnicas. Minhas obras preferidas são os desenhos, parecem vivos - elege a curadora.
- A aquarela é especial para mim, é água, é solto, é lindo. Também gosto muito de grafite, pastel e lápis de cor, que meus netos vivem querendo pegar emprestado - conta Geno.
Outra característica importante da trajetória da artista é talvez um pouco mais difícil de perceber por meio das obras, mas está completamente ligada ao ofício: a docência.
- A Geno sempre aprendeu muito porque sempre ensinou muito - aponta Silvana, que foi aluna da artista no colégio Imigrante, no início da adolescência.
Durante os 25 anos passados em sala de aula Genoveva também fez questão de compartilhar o maior ensinamento da vida, talvez aquele que mantenha sua arte tão visceral.
- Procurem fazer o que vocês amam, isso eu passava grande para os meus alunos - lembra ela.
Programe-se
:: O que: exposição "50", de Genoveva Parmeggiani Finkler
:: Quando: abertura nesta quinta, às 19h40min. Visitação até 4 de maio, de segunda a sexta, das 8h às 22h30min
:: Onde: Galeria de Arte do Campus 8 da UCS (RS-122, km 69)
:: Quanto: entrada franca
Obra
Trajetória artística de Genoveva Finkler é revisitada em exposição, em Caxias
Mostra "50" abre nesta quinta, no Campus 8 da UCS
Siliane Vieira
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