Onde tem música, tem gente em volta. Ainda mais se o palco (ou a inexistência dele) for na rua. A 5ª edição do Festival Brasileiro de Música de Rua começa nesta sexta-feira, em Garibaldi, e segue até o dia 24, passando pelas cidades de Flores da Cunha, Bento Gonçalves, Antônio Prado, Farroupilha e, claro, Caxias do Sul. No total, serão 33 atrações brasileiras e internacionais e 101 shows gratuitos acontecendo na rua, em praças e palcos alternativos, com o objetivo de levar muita música boa a todos os tipos de público.
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- O festival nasceu de um grito de desespero de nós, músicos, para que a arte presente na música não morra - define Luciano Balen, um dos organizadores.
O objetivo do festival é promover um encontro, não só do artista com a música, mas sim entre as pessoas. A multiplicidade dos estilos, que engloba sonoridades latinas, como a mistura envolvente de acordeom e piano da chilena Pascuala Ilabaca, batidas negras gaúchas e brasileiras, mostradas por nomes como a Tribo Maçambiqueira, de Osório, pagode, rock, pop, hip-hop, remixes, entre outros gêneros, prometem envolver o público que estará assistindo aos shows e até mesmo quem passar pelo local enquanto a música estiver tocando.
- A gente está vivendo um momento no Brasil em que as pessoas não conseguem mais conversar, nós precisamos nos aproximar, por isso o mote desse ano são encontros - revela Balen.
O festival faz com que os artistas, que vem de diversos lugares do estado, do Brasil, e de países como Uruguai, Colômbia e Chile, troquem experiências uns com os outros e estreitem os laços com o público. Essa é uma experiência que o DJ caxiense Cetolas vai vivenciar pela primeira vez, em sua estreia no festival, amanhã, em Flores da Cunha. Ele explora uma linha de pesquisa em música brasileira, especialmente no samba e bossa nova.
- Vai ser muito bom poder estar junto das pessoas, na rua, tocando minha trilha sonora brazuca - diz.
Outra novidade na programação é o grupo de pagode Pura Curtição. A banda fundada em Caxias em 2009 avalia a participação no festival como uma ótima oportunidade.
- Nós vemos com bons olhos, porque o nosso trabalho está sendo reconhecido - revela o percussionista Leonardo Nery.
O repertório dos pagodeiros para o show será versátil e poderá variar dependendo da interação do público:
- Vamos tocar música autoral e também aquilo que a galera gosta de ouvir, como Sorriso Maroto e Exaltasamba, e ,para o pessoal mais velho, um Raça Negra.
A diversidade dos estilos musicais não para por aí. Do rap ao pagode, do erudito ao rock, eis que surge a voz de Tatiéli Bueno. Conhecida pela sua trajetória na música regional gaúcha, a interprete se apresenta no festival pela segunda vez. A cantora vem embalada pelo seu primeiro disco solo, Sensibilidade, lançado em 2015, que mescla música nativista com latino-americana, tendo como inspiração a argentina Mercedes Sosa.
- O meu trabalho possui uma letra regional com elementos de jazz, blues, tango e rock - revela.
Para ela, o festival é uma forma de aproximar as pessoas da cultura.
- Temos que estar onde o público está, levando música, arte e emoção - assegura Tatiéli.
Nos últimos dias do festival, a Estação Férrea, em Caxias, irá concentrar uma maratona de shows. O encerramento ficará sob a responsabilidade da banda porto-alegrense Nenhum de Nós. Thedy Corrêa e sua turma trazem o frescor do disco Sempre é Hoje, gravado em Caxias e lançado no ano passado.
- A banda está em caráter festivo, pois estamos completando 30 anos - diz o vocalista Thedy Corrêa.
Além das novidades, ele garante que o show terá os sucessos que consagraram o Nenhum de Nós, como O Astronauta de Mármore e Você Vai Lembrar de Mim.
- É muito legal tocar ao livre, num show democrático e cheio de surpresas - afirma.
Já o festival, que segue o mesmo caminho desde a primeira edição, em 2012, tem um desafio claro: devolver à música o status de arte.
- Precisamos fazer com que as pessoas entendam que existe música para entretenimento, assim como a música artística - sintetiza Balen.
O festival é realizado pela De Guerrilha Produções Artísticas, Varsóvia Educação e Cultura e Sistema Fecomércio-RS/Sesc, em parceria com as prefeituras de cada cidade. O financiamento é da Lei de Incentivo à Cultura e do Pró-cultura RS.
Música
Festival Brasileiro de Música de Rua começa nesta sexta e terá 33 atrações na Serra
No total, serão 101 shows gratuitos acontecendo na rua, em praças e palcos alternativos
Bruna Marini especial
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