Nem só de lançamentos de discos e livros viveu a cultura caxiense em 2015 - a área foi movimentada e controversa.
O ano iniciou com a promessa de mudança do local da Feira do Livro, da Praça Dante Alighieri para a Estação Férrea, decisão que não se confirmou em 2015, mas será realidade em 2016.
Boas iniciativas como a primeira edição do Caxias Eco Fashion, evento para promover e debater a sustentabilidade na moda, e a convocatória de exposições para ocupação dos espaços do Centro de Cultura Ordovás foram relevantes.
Confira outros destaques.
Cinema
Produções audiovisuais colocaram temas como o Ópera e o talian de volta às conversas. Cine Ópera _ Memória e identidade, de Robinson Cabral, Brasil Talian, de André Costantin e Fernando Roveda, Pra Ficar na História _ Villa Fitarelli, de Boca Migotto, são alguns exemplos. Artistas locais também foram retratados nos documentários Faixa Bônus, sobre os DJs de Caxias, e Pulso, A Bateria em Caxias do Sul, de Diego De Toni
O CineSerra teve com 48 trabalhos inscritos _ 22 estaduais e 26 regionais
A Serra serviu de locação para as cenas iniciais da atual novela das seis da Globo, Além do Tempo.
Artes plásticas
As galerias de Caxias do Sul receberam mais de 15 exposições em 2015, de artistas locais e gaúchos, além de uma mostra com grandes expoentes nacionais das artes plásticas.
Entre os destaques, aparecem a estreia da porto-alegrense Paula Plim na Galeria Municipal Gerd Bornheim, com a exposição multicolorida Claraboia Orgânica, o caráter inédito da mostra Estudos, com croquis de Bea Balen Susin, no Campus 8 da UCS, as imagens com múltiplos olhares dos integrantes do Clube do Fotógrafo de Caxias em 140 Dopo, sobre a imigração italiana ressignificada no presente, e as comemorações do septuagésimo aniversário do escultor italiano Bob de Grandi, com os trabalhos em madeira intitulados 70 Anni in Allegria, con un Pizzico di Follia, expostos na Galeria Gerd Bornheim.
A musa de Dante Alighieri, que dá nome à praça central de Caxias, foi esculpida pela artista Dilva Conte e instalada em um banco, para que possa ser contemplada pela estátua do italiano, autor d'A Divina Comédia.
Música
Esse segmento foi o mais produtivo e movimentou a cena cultural neste ano. Shows nacionais de artistas que não costumam tocar em Caxias puderam ser vistos, como Lobão, Pitty, Paralamas do Sucesso, Natiruts e até Valesca Popozuda.
Expoentes como Jaques Morelembaun e Cello Samba Trio, Duo Assad, DJ Hum, Tom Zé, Fred Zeroquatro também apareceram por aqui.
A produção local contou com uma série de discos autorais, como de Descartes, Ária Trio, Mindgarden, Magabarat, Cardo Peixoto, Rafa Schuler e Lennon Z.
Teatro/Dança
Caxias sediou encontros de dança, como o VII Salão de Dança do RS e o Caxias em Movimento. Além disso, recebeu espetáculos como O Lago dos Cisnes, pelo Ballet Nacional da Rússia, e o Gala Bolshoi, pela Cia Jovem Bolshoi BR, ambos com lotação esgotada.
O Caxias em Cena contou com peças nacionais que são sucesso de crítica e público, com a presença de atores globais, como Oleanna, com Marcos Breda, Galileu Galilei, com Denise Fraga, e Ceasar _ Como Construir um Império, com Carmo Dalle Vecchia e Caco Ciocler.
Fora do festival, as peças Elza e Fred, com Ana Rosa e Umberto Magnani, e Relações Aparentes, com Vera Fischer e Tato Gabus Mendes, também incluíram Caxias no roteiro.
Destaque também para a porto-alegrense Bukowski: Histórias de uma Vida Subterrânea.
Literatura
O escritor Marcos Kirst lançou A Sombra de Clara, obra vencedora do Prêmio Açorianos de Criação Literária 2014 _ Narrativa Longa e essa foi apenas uma das mais dos 20 livros lançados aqui. Flávio Luis Ferrarini lançou O Menino da Terra do Sol, dois meses antes de morrer em um acidente de carro, em junho.
A obra O Quatrilho, de José Clemente Pozenato, completou 30 anos de lançamento e ainda é o trabalho daqui com maior projeção mundial. Numa das ações comemorativas, foi lançado um box com as obras da trilogia
Perdas
O ano de 2015 começou triste para as artes da Serra. Em janeiro, a atriz florense Maria Della Costa, que construiu carreira no centro do país e ergueu um teatro com seu nome em São Paulo, morreu aos 89 anos. No teatro, interpretou papéis em obras como Prostituta Respeitosa, de Sartre; no cinema, atuou em Areião, e na TV, fez novelas como Beto Rockfeller e Estúpido Cupido. Em junho, outra personalidade florense, desta vez das letras, morreu em um acidente de trânsito. Flávio Luis Ferrarini, também cronista de jornais, deixou mais de 20 livros, entre eles o quase autobiográfico O Menino da Terra do Sol (2015), seu último lançamento.
Foi um ano de importantes perdas nas artes. Na música, o grande bluesman B. B. King morreu em maio, mas dezembro é que foi o mês negro, com três mortes: Scott Weiland, vocalista do Stone Temple Pilots e do Velvet Revolver, o gaúcho Flávio Basso, também conhecido como Júpiter Maçã, herói do rock underground nacional, e Lemmy Kilmister, líder do Motörhead. Percy Sledge, Ben King, os compositores Fernando Brant e Nico Fagundes e o multitarefas Luis Carlos Miele também foram perdas deste ano.
No cinema, os icônicos atores Anita Ekberg, Omar Shariff e Christopher Lee, além do diretor Wes Craven, foram as perdas internacionais. No Brasil, grandes representantes das artes dramáticas também se foram: Claudio Marzo, Antonio Abujamra, Elias Gleizer, Marília Pêra, Yoná Magalhães, além da atriz e modelo Betty Lago.
O mundo das letras perdeu o Nobel alemão Günter Grass e os jornalistas Carlos Urbim e Sandra Moreyra, enquanto as artes plásticas ressentiram-se da partida de Tomie Othake e a classe teatral lamentou a morte de Barbara Heliodora.