Filósofo, escritor e professor universitário, Luiz Felipe Pondé costuma descrever o mundo contemporâneo de forma mordaz, em livros ou em textos que publica semanalmente na Folha de São Paulo.
Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorado em Epistemologia, feito na Universidade de Tel Aviv, em Israel, e na Universidade de Giessen, na Alemanha, passeia com desenvoltura entre o erudito e o popular.
Neste ano, lançou duas obras: Guia Politicamente Incorreto do Sexo - o da Filosofia foi publicado em 2012 e o fez despontar entre os autores populares - e Os Dez Mandamentos (+ Um). Sobre esse último, falará durante bate-papo na próxima segunda-feira, às 19h, no auditório da Feira do Livro.
Confira trechos da entrevista concedida por telefone, na semana passada.
Pioneiro: Em 2012, o senhor lançou o Guia Politicamente Incorreto da Filosofia e, três anos depois, voltou a publicar outro guia nessa linha, sobre o sexo. Nesse curto espaço de tempo, houve variação na patrulha do politicamente correto?
Luiz Felipe Pondé: Houve um acirramento da discussão no humor e houve um afirmamento justamente na patrulha em relação aos comportamentos afetivos, o que eu chamo no livro de sexo. Eu começo (o livro) com uma cena muita erótica e ao longo do livro a discussão vai ficando menos carnal e mais afetiva. Uma das áreas que motivou o livro - e que o politicamente correto tem feito mais estrago - é justamente na formação dos meninos e meninas com relação ao afetos de um com o outro. As escolas têm prestado um desserviço enorme a isso, cada vez mais complicando, criticando e ideologizando, fazendo política em cima das relações entre meninos e meninas. O politicamente correto cresceu bastante, com a influência das escolas, via aulas de educação sexual e de gêneros.
Em relação ao acolhimento de migrantes, o Brasil parece mais amistoso e tolerante, certo?
Acho que sim, porque o Brasil é um país de imigração. Há uma diferença bem grande entre as Américas e a Europa, onde os movimentos migratórios são processos da Antiguidade. No caso das Américas, não, as migrações são recentes e os países continuaram recebendo imigrantes ao longo de todo o tempo. O Brasil, além de ser um país de imigração, é um país que tem uma mistura étnica desde a raiz um tanto maior do que nos Estados Unidos e na Europa, o que facilita a recepção dos imigrantes. Agora também tem um pouco do discurso ideológico do Brasil dos últimos anos, da ideia de que, de repente, se um sueco quiser imigrar pra cá vai encontrar mais dificuldade que alguém que venha de um país africano ou árabe, no sentido de que existe um olhar pra imigração alimentado por uma certa geopolítica do oprimido-opressor.
Ideias
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Tríssia Ordovás Sartori
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