Em mais de 50 anos de trajetória na música, Honeyde Bertussi (1923-1996) reuniu muitos documentos, anotações, discos, gravações em fitas cassete, etc. O acervo, guardado com zelo pelo filho Paulo Bertussi, 59 anos, está em fase de doação ao Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC) da UCS. Uma parte da memorabilia do acordeonista (que fundou a icônica dupla Os Irmãos Bertussi ao lado do irmão Adelar) já está sendo catalogada na UCS, outra ainda precisa ser transportada até lá. O repasse deve ser oficializado ano que vem.
Manusear as coisas de Honeyde, para Paulo, é também remexer nas próprias memórias ao lado do pai.
- A primeira imagem que tenho do meu pai, é dele com uma gaita na mão, de pé, ensaiando em casa. De noite, ele ficava treinando a postura em frente ao espelho. E realmente, se você olhar a postura dele e do meu tio no palco, era impressionante - lembra Paulo, o único dos oito filhos de Honeyde a residir em Caxias.
Entre um objeto e outro do acervo, Paulo agarra um velho violão sem cordas, dos objetos mais antigos da coleção, datado da década de 1930.
- Pouca gente sabe disso, meu pai começou se apresentando com violão e gaita de boca. Meu avô não queria que ele fosse músico de baile. Mas quando meu pai fez 18 anos, e passou "a se governar", a primeira coisa que fez foi ir a Bento e encomendar uma gaita (na época, a cidade sediava uma fábrica da clássica marca Todeschini) - conta Paulo.
Veja abaixo, outros objetos que fazem parte do acervo
Nécessaire
Quando viajava, Honeyde Bertussi carregava junto uma nécessaire que continha de cortador de unha até lâmina de barbear e pente. Certa vez, quando estava hospitalizado para fazer uma cirurgia de ponte de safena, fez o filho Paulo buscar a bolsinha em casa.
- Antes de entrar na cirurgia, ele estava nervoso e me disse: "vai lá em casa e me traz meu barbeador. Defunto barbeado é mais bonito" - conta o filho, rindo.
Toca-discos
O último toca-discos que Honeyde comprou para ter em casa, da clássica marca National, está no acervo. De acordo com Paulo, é da década de 1970, e rodava muitos discos de música clássica.
Fitas
Dezenas de fitas cassete fazem parte do acervo de Honeyde Bertussi. Muitas são de gravações de programas de rádio em que o acordeonista participava, outras de apresentações, e outras ainda entregue por artistas com os quais Honeyde cruzava pelos bailes da vida.
Gravador
O gravador era um companheiro de Honeyde. Preocupado com registros, ele gostava de colocar o aparelho num cantinho do palco e gravar apresentações que considerava importantes.
Discos
Em 1955, Os Irmãos Bertussi fizeram seus primeiros registros em vinil no Rio de Janeiro, pela Copacabana Discos. A bolachas desta época são muito raras e também integram a coleção.
Museu
Em Caxias, Paulo Bertussi mostra acervo histórico do pai, o músico Honeyde Bertussi
Doação ao Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC) da UCS deve ser oficializada ano que vem
Siliane Vieira
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