Larry McCray, definitivamente, não é para os fracos. Não recomendado para os que desabam diante de melodias que fazem doer a alma - e de certa forma o blues é sobre isso. Para sabe se você está ou não entre aqueles capazes de suportar a agonia exalada pela guitarra e voz de McCray, ouça à balada Soulshine, de 1993. Trata-se da versão original da música lançada no ano seguinte pela Allman Brothers Band, e que foi composta por Warren Haynes, guitarrista da banda, especialmente para o segundo álbum de McCray, Delta Hurricane.
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Nascido em Stephens, no Arkansas, aos 5 anos Larry migrou para Magnolia, no mesmo Estado, com a família. Teve os primeiros contatos com a música ouvindo o pai enterter os amigos com a harmônica na varanda de casa e a irmã, Clara, tocar guitarra em seu combo de blues. Mais tarde, na adolescência, encantou-se com as gravações de Muddy Waters, Slim Harpo e Little Walter, ao mesmo tempo em que o gospel de Mahalia Jackson o ensinava o que era cantar com sentimento. Porém, foi a tríade real do blues que o fez querer empunhar a guitarra: Albert King, B.B. King e Freddie King. Também foi no seio familiar que Larry experimentou o que era ter uma banda, formando um power trio com o irmão mais velho Carl, no baixo, e Steve, o caçula, que até hoje o acompanha pelo mundo na bateria.
A experiência musical com os irmãos ocorreu quando a família já deixara Magnolia para viver em Detroit, onde conciliou o trabalho operário na General Motors com a música. Na cidade grande, descobriu o funk de Sly & The Family Stone, ritmo que incorporou ao seu estilo.
- Na escola, as minhas preferências musicais eram sempre diferentes de outras crianças da minha idade. Algo como, "O que é isso que você está ouvindo?". Em Michigan eles não entendiam, mas no Sul era um modo de vida que nunca se afastou de mim. Eu era viciado no lado emocional da música - contou Larry recentemente ao portal Early Blues.
Da estreia em estúdio com o elogiado Ambition, em 1991, até o disco que leva seu nome, em 2007, Larry lançou ao todo oito álbuns. Parceiro de palco de McCray em 2010, em um festival em Recife, o gaitista brasileiro Jefferson Gonçalves voltou a encontrar o amigo este ano em Rio das Ostras, no Festival de Jazz e Blues. Hospedados no mesmo hotel, fizeram jam sessions todas as noites, sempre regadas a cerveja e caipirinha. Jefferson exalta a qualidade musical do amigo:
- O Larry é um músico muito, muito bom. Extremamente moderno, bebe em diversas fontes e foge do blues tradicional. Vai mais pela linha de Freddie King e Robert Cray, com uma pegada muito rock, mas também mais puxada para o funk. É um show garantido.
Música
Larry McCray leva ao Largo da Estação Férrea toda a pegada blues, soul e funk de sua guitarra
Norte-americano se apresenta na sexta e também no sábado, no show de encerramento do Mississippi Delta Blues Festival
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