Kalunga é o homenageado do 1º Entrelinhas - Festival Literário e Cultural

O circo é uma das paixões de Carlos Heráclito Mello Neves. A simplicidade do palhaço que conta histórias teatralizadas sempre o cativou, e acabou conduzindo sua trajetória na literatura. Até um nome mais simpático e sonoro ele arrumou para estampar a capa de suas 20 publicações: Kalunga.

- Sempre tive atração por circo, também adorava o Chacrinha com aquele colorido todo. Se tiver muita cor e alegria, dificilmente se vai errar com a criança - comenta ele, sobre descoberta feita ainda antes de começar a escrever.

- Eu gostava de juntar as amiguinhas das minhas filhas na garagem e encenar histórias. Um dia acabaram as histórias que eu conhecia e pensei: "vou ter que começar a inventar".

Assim surgiu o livro Que Amor de Bruxinha e um estilo de performance mantido até hoje. As histórias de Kalunga ganham música, teatro, poesia, além da caracterização com chapéus, anéis, óculos e outros objetos coloridos e extravagantes. Essa característica de transitar por diferentes manifestações artísticas acabou contando pontos a favor na escolha de Kalunga para ser o homenageado do 1° Entrelinhas - Festival Literário e Cultural.   

- Todo o trabalho que usa a palavra, a origem é o livro. O Entrelinhas envolve todas as áreas, diversifica esse contato com o livro. É a primeira vez que vejo este tipo de perspectiva para o público - comenta ele.

E olha que de Feira do Livro Kalunga entende. Aos 64 anos, 29 de carreira como escritor, ele já participou de atividades culturais em mais de 200 cidades gaúchas e em pelo menos outras 50 fora do Estado.

Natural de Jaguarão, Kalunga foi funcionário do Banco do Brasil durante 30 anos. Tudo mudou quando passou a se dedicar exclusivamente à literatura, em 2002 (já vivendo em Caxias). Antes das histórias infantis e infanto-juvenis, chegou a escrever contos adultos, atividade que gostaria de retomar. 

- É engraçado dizer isso, mas, quanto mais você vai ficando velho, mais as crianças gostam de ti, mais elas associam a uma imagem de avô e é difícil de se afastar. É como Papai Noel, é carinho puro - justifica o escritor, com mais dois livros previstos para o ano que vem.

Durante a feira, Kalunga vai lançar seu quarto CD, enquanto faz planos com um projeto musical em espanhol.

- O que tu sonha não tem idade.