Roberto Carlos tinha 32 anos quando se apresentou em Caxias pela primeira vez, em 1973. Ainda não era considerado Rei, mas chamava a atenção como integrante da Jovem Guarda, que fazia o maior sucesso no país. O Recreio Guarany estava lotado para vê-lo, com cerca de 2 mil pessoas, e o cantor apresentava-se ao lado do RC7, um conjunto de sete músicos que em nada lembra a orquestra atual. Depois desse, fez quatro outros shows em Caxias, o último em 2002.
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O representante comercial Gilberto Giongo, o Beto GG, foi DJ do Clube Guarany por 25 anos, entre as décadas de 1970 e 2000. Antes de começar a trabalhar como discotecário, em 1975, assistiu à primeira performance do Rei na cidade. Conta que estava curioso para conhecer o trabalho de Roberto Carlos.
- Não tinha esse auê, as pessoas gostavam mais das bandas, como Renato e Seus Blue Caps. Não foi um boom como é hoje - afirma, ansioso para conferir a apresentação de Roberto no dia 16.
Fã do Rei, considera-o o maior nome musical da atualidade e costumava tocá-lo nas boates nos salões do clube. Em festas mais dançantes, elegia canções mais animadas, como Eu Sou Terrível, e na "sessão salame", Como é grande o meu amor por você.
- As menininhas adoravam - lembra Beto, completando que naquela época, antes do auge da discoteca, as músicas estrangeiras não eram tocadas nas boates.
Roberto Carlos demorou mais de 20 anos para retornar à cidade. Foi em 9 de março de 1994, na Festa da Uva. Um ano depois, Roberto Carlos esteve no Teatro de Lona para o espetáculo Luz, em maio de 1995. A turnê foi a maior realizada pelo cantor até então, envolvendo 21 cidades somente na região Sul. Ele chegou de jatinho um dia antes da apresentação (foto Nica Id: 52301). Nesta passagem, visitou a Marcopolo para a compra de um ônibus.
Assim como Beto GG, o então produtor de shows e DJ Luiz Carlos Ferronato também presenciou o primeiro show de Roberto em Caxias, composto pelo repertório da Jovem Guarda. Ferronato ajudou a produzir, com o jornalista Renato Henrich, um show no Teatro de Lona, em 17 de abril de 1997, e outro no Ginásio do Sesi, em 26 de abril de 2002, Amor e Amor Sem Limite, respectivamente. A tarefa é considerada mais simples do que parece. Segundo ele, cabe ao produtor local encontrar um local e prepará-lo para o show, mas a estrutura chega pronta.
- A era pós-Dody (Sirena, empresário do cantor) é de um profissionalismo absoluto. Ele viaja com técnicos, seguranças, traz até os próprios geradores. Se a cidade ficar sem luz, o show acontece do mesmo jeito - explica, revelando que o camarim de Roberto Carlos já vem montado em um contêiner, e a equipe conta com maquiadora e camareira próprias.
Roberto Carlos hospedou-se três vezes no hotel Alfred Palace. Para Plínio Luchezi, gerente do hotel por 29 anos, a segunda visita foi a mais significativa, embora não tenha visto a apresentação do Rei. Ficou no hotel com a então mulher de Roberto, Maria Rita:
- Era uma pessoa muito simples. Ela foi para a cozinha preparar o jantar que foi servido ao Roberto quando voltou do show.
Para Luchezi, o Rei pareceu ser uma pessoa simpática, perfeccionista e sem extravagâncias.
- Ele trazia a camareira, que cuidava de tudo. Sempre usava a mesma roupa, calça desbotada e camisa jeans, e não passava por baixo de escadas de jeito nenhum - recorda.
Na última vinda de Roberto Carlos a Caxias, apresentou-se no Ginásio do Sesi homenageando a mulher morta em 1999. Cantou durante 90 minutos para 6 mil pessoas, emocionou-se, chorou e fez chorar.
- Ele estava sensível, havia uma tristeza nele. Foi diferente da apresentação em Porto Alegre, em 2009, quando parecia apaixonado - recorda a fã Rosângela Peteffi.
Rosângela sempre tenta ficar o mais próximo possível do Rei no palco - "o mais longe foi na nona fila" - e diz que vale sempre reviver os sentimentos despertados pelo rei:
- Sempre que puder, vou vê-lo. Sempre é muita emoção!