Há quem diga que os filmes estrelados por Roberto Carlos na época da Jovem Guarda somente seguiram o que se configurava numa tendência para qualquer astro de rock da época. Elvis, Beatles e até os Monkees (com sua série de tevê) popularizaram a ideia de produções audiovisuais com roqueiros no elenco. Mais do que seguir a onda que vinha de fora, o Rei - que em sua fase ator ainda nem era chamado assim - deixou três pérolas para o cinema brasileiro e registros históricos de uma época em que os figurinos iam muito além do branco e azul.
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De 1967 a 1971, o Rei estrelou Roberto Carlos em Ritmo de Aventura, Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa e Roberto Carlos a 300 km por Hora. Num tempo em que não existia locadora de vídeo, esses filmes levaram aproximadamente 7,8 milhões de espectadores às salas de cinema.
Todos os filmes foram dirigidos pelo carioca Roberto Farias - reconhecido por títulos como Assalto ao Trem Pagador, de 1962, e Pra frente, Brasil, de 1982. O cineasta contou que a ideia, na época, era fazer um pacote de cinco filmes, e não somente três. Especula-se que a agenda de shows cada vez mais lotada do Rei impediu a conclusão dos outros dois longas. Mas, em entrevista ao programa Domingão do Faustão, Roberto Farias deu outro palpite.
- Ele não se acha bom ator, talvez isso tenha sido a razão por não termos feito os outros dois filmes que estavam contratados. Mas o Roberto está enganado, gostaria de dizer que o Roberto é bom ator - opinou o cineasta.
O primeiro longa da lista, Roberto Carlos em Ritmo de Aventura, mostra o Rei como um mocinho perseguido por bandidos internacionais que querem levá-lo para os Estados Unidos. Entre as cenas antológicas e acrobáticas da produção, o roqueiro desce dentro de um carro pendurado num guindaste e atravessa o Túnel do Pasmado (RJ) pilotando um helicóptero. A trilha foi lançada em LP e integrava sucessos como Eu Sou Terrível, Por Isso Eu Corro Demais, Quando e Você Não Serve Pra Mim.
Em Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa, sua majestade ganha a companhia do tremendão Erasmo Carlos e da ternurinha Wanderléa. Cenas quase surreais mostram o trio em figurinos nada discretos - com muitos medalhões dourados no pescoço, dedos cheios de anéis, peles nos casacos, calças pantalonas e coloridas - pelas ruas movimentadas do Japão. O Rei e Erasmo ainda mandam ver no karatê para se defender de um grupo que procura o mapa de um tesouro que, acidentalmente, foi parar nas mãos das estrelas da Jovem Guarda.
Roberto já era muito famoso quando gravou o último filme levando seu nome, Roberto Carlos a 300 km por Hora. Talvez por isso, pela primeira vez, ele não cante em cena, as músicas acompanham suas aventuras. Na trama, ele vive Lalo, um mecânico que faz de tudo para realizar o sonho de ser piloto de automobilismo. Os carros, grande paixão do Rei, são quase personagens na história que traz ainda atuações de Erasmo Carlos, Raul Cortez e Reginaldo Farias (irmão do diretor).
Depois disso, a carreira tomou outros rumos, Roberto Carlos correu demais e pode nem ter visto o tempo passar. Algumas das músicas que ele cantou nos três longas poderão ser vistas no show que o Rei apresenta em Caxias, hoje, mas os outros dois filmes que estavam previstos lá na década de 1970 se transformaram num débito da majestade com seus fãs.