Thereza Verona não tinha nem dois anos quando os pais pensaram que iriam perdê-la. Após passar algumas horas sob o sol forte, ela teve pneumonia e precisou ser levada ao hospital de Bento Gonçalves a cavalo.
Os médicos, ao verem o estado de saúde da menina, disseram: “Morto per morto, proviamo qualcosa” (morta por morta, vamos tentar alguma coisa). Thereza voltou a respirar após uma cirurgia – e essa prova de coragem acompanhou-a por toda a vida, agora devidamente registrada em uma biografia (leia mais abaixo).
Filha de Attilio Verona e Luisa Colussi Verona, Thereza nasceu em 1930, na Linha Jansen, em Farroupilha, onde a família administrava uma pequena casa comercial. Quando começou a frequentar a escola – alguns anos mais tarde, devido a questões de saúde –, a jovem logo se destacou como uma excelente aluna. Tanto que foi incentivada pela professora Aracy Sehbe a mudar para Caxias do Sul e cursar o Ginásio no Colégio São Carlos.
CASAMENTO EM 1953
Thereza chegou a Caxias em 1945, de carroça. Por três anos, viveu a rotina do internato no São Carlos, com aulas em turno integral e missas diárias. Já aos finais de semana, passeava com as colegas no Aeroclube de Caxias (conhecido como o Campo da Aviação), no bairro Cinquentenário. Depois da formatura, a jovem cursou o Técnico em Contabilidade, na mesma escola, já que tinha aptidão para a Matemática.
Após os estudos, Thereza retornou à Linha Jansen – e foi em uma Festa da Gruta, em 1952, que ela conheceu Dalvino Aldo Tondo. O empresário, que também era subprefeito e subdelegado, estava buscando uma esposa que fosse, justamente, uma contadora – para ajudá-lo nos negócios que estavam crescendo em Pinto Bandeira. Não deu outra.
Apenas 15 dias depois de conhecê-la, Dalvino pediu Thereza em casamento. A cerimônia de união foi realizada em 7 de fevereiro de 1953. Thereza mudou-se para Pinto Bandeira, onde passou a ser a contadora oficial da casa de comércio Irmãos Tondo.
Detalhe: dona Thereza foi a primeira mulher a receber o registro de contabilista emitido pela cidade de Bento Gonçalves.
A CONTADORA
Com o passar dos anos, Dalvino e Thereza adquiriram e construíram moinhos, além de criarem diversos outros negócios – sendo sempre ela a responsável pelas questões fiscais de todas as empresas da família Tondo.
Ah, sim: no mesmo ano do casamento, 1953, foi fundada a Tondo Ltda e, junto com ela, nasceu a marca Orquídea – Thereza, inclusive, foi uma das pessoas que assinou a ata de fundação da empresa.
A FAMÍLIA
:: Thereza e Dalvino tiveram cinco filhos: Elisete, Eloisa, Eliane, Elói e Rogério. Nos anos 1960, a família se mudou para Caxias do Sul. Na cidade, Thereza aprendeu a dirigir para poder acompanhar todas as atividades dos filhos e do trabalho. E é em Caxias que ela segue morando até hoje.
:: Dalvino faleceu em 2014 (em 2024, ele estaria completando 100 anos). Thereza seguiu trabalhando na contabilidade dos negócios da família até completar 90 anos, em 2020. A marca que ajudou a fundar, a Orquídea, hoje já passa dos 70 anos e é administrada pela terceira geração da família, que dá continuidade ao sonho dela e de Dalvino - são dez netos e oito bisnetos.
:: Em dezembro, ela registrou suas memórias no livro intitulado “Thereza Tondo: Protagonista da minha vida”, escrito pela Legado Histórias de Vida (foto abaixo).
PARCERIA
Informações desta página são uma colaboração da colega Valquiria Vita.