Em tempos em que se discute a futura revitalização e ocupação da Maesa, retomamos um dos episódios mais marcantes da história do complexo do bairro Exposição. Trata-se da confecção das portas de bronze da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré de Belém do Pará, na década de 1950.
As obras tiveram início com a estrutura central, produzida entre 1951 e 1953 - mesma época da fundição do Monumento Nacional ao Imigrante, inaugurado em 1954. O trabalho em bronze fundido agradou tanto que, quatro anos depois, em 1957, a direção do templo encomendou as duas portas laterais. Finalizadas em 1959, elas ficaram expostas durante um mês no prédio da Maesa, antes de serem levadas para o norte do país.
Nesse intervalo, as obras viraram uma espécie de atração, motivando dezenas de fotos dos funcionários do setor de gravação, diretores da empresa e colaboradores que trabalharam em sua confecção. Entre eles, Hugo Seidl, Oscar Martini, Alvis Fiedler, Paulo Marzotto, Adair Sachett, Antônio Vaz, Aldo Marzotto, Rui Raabe, Pedro Longhi, Sadi Zampieri, Francisco Chiarello, Orevil Bellini, José Schwertner, Bruno Segalla e Lídio Panerai.
Na foto abaixo, a abertura da mostra, em 13 de agosto de 1959. A solenidade teve como convidada de honra Neusa Goulart Brizola, esposa do então governador Leonel Brizola. A primeira-dama do Estado descerrou as cortinas, acompanhada por diretores, políticos, autoridades civis e militares, e operários que atuaram na confecção das portas.
Além de Neusa (a senhora de branco, à frente), vemos o diretor Júlio João Eberle e a esposa, Alda Muratore Eberle, Tito Bettini (coordenador dos trabalhos de fundição), Hugo Seidl (diretor da seção de gravação), Américo Garbin Henrique Maggi, Aldair Sachet, Pedro Longhi, José Schwertner, Rui Raabe e Alvis Santos Fiedler, entre dezenas de outros trabalhadores da fábrica.
A saber: o detalhado plano de ocupação apresentado recentemente pela Vazquez Arquitetos inclui também espaços destinados à preservação da memória do setor metalúrgico na cidade, não somente a Maesa. Entrariam aí o Museu do Trabalho, a exposição de maquinários de época da antiga Fábrica 2 e o Memorial dos Trabalhadores.
Atração no Pará
As portas de bronze ficaram expostas na Maesa durante os meses de agosto e setembro de 1959, recebendo centenas de visitantes do Rio Grande do Sul e do país. Somente em março de 1960 elas foram instaladas na Basílica de Belém do Pará, onde são uma atração até hoje.
Na imagem abaixo, uma das portas recém-colocadas na entrada do templo, em 27 de março de 1960. Na imagem vemos os operários do Eberle juntamente com o chefe de seção Oscar Sirena e o coordenador dos trabalhos de fundição, Tito Bettini.
Passado, presente e futuro
Produzido pela Vazquez Arquitetos, em parceria com a Prefeitura Municipal de Caxias do Sul, o documentário A Maesa passeia pela história do complexo, mostrando seu presente e projetando seu futuro.
O filme, disponível no youtube e nas redes sociais da Vazquez Arquitetos, mescla depoimentos de ex-funcionários, historiadores, políticos, arquitetos e representantes de diversas entidades municipais.
Colaboração
Parte das informações desta página foi publicada originalmente em novembro de 2016 e maio de 2018, a partir das colaborações dos leitores Alvis Santos Fiedler, Mirlene e Raul Rossi.
Participe Você ou algum de sua família atuou na Maesa entre os anos 1950 e 1980? Possui imagens antigas do trabalho no interior do complexo ou alguma curiosidade histórica? Envie as imagens e as informações para o e-mail rodrigolopes33@gmail.com.