No transcorrer de 1935, diversos foram os eventos comemorativos pelo centenário da Revolução Farroupilha. Naquele contexto, o Touring Club do Brasil, seção Rio Grande do Sul, engrandeceu as festividades ao promover o Grande Prêmio Cidade de Porto Alegre, uma prova automobilística que reuniu 11 arrojados pilotos, popularmente chamados de “ases do volante”.
No dia 15 de novembro daquele ano, aniversário da Proclamação da República, eles partiram do Largo do Cristal, no entorno do atual hipódromo, e seguiram pelos bairros Tristeza, Ipanema e Cavalhada por uma pista que alternava faixa asfáltica, macadame, chão batido e muito areião. O percurso tinha 15,5 quilômetros, e o circuito deveria ser percorrido 20 vezes, totalizando 310 quilômetros até a bandeirada final.
Norberto Jung, com seu Ford (nº 16) de oito cilindros em V (V8), imprimiu um ritmo forte e foi o vencedor, consolidando, com o passar dos anos, sua fama de piloto lendário. Nas segunda, terceira e quarta posições, chegaram, respectivamente, Olinto Pereira (Ford V8 nº 12), Oscar Bins (Ford V8 nº 4) e Joaquim Fonseca Filho (Ford quatro cilindros nº 8).
Em torno de 50 mil pessoas prestigiaram o evento e ovacionaram Norberto Jung com brados de “Jung! Jung!”. O ápice daquele que foi o melhor volante gaúcho de seu tempo – Jung faleceu em 1976, aos 73 anos.
CAPOTAMENTO
Por insuficiência de voltas, ou problemas mecânicos, não se classificaram o uruguaio Ramón Sierra (Ford V8 nº 2), o carioca Hugo Teixeira de Souza (Willys nº 6), João Caetano Pinto (Lancia Lambda nº 10), Olavo Guedes (Ford quatro cilindros nº 14), João Muradás (Dodge nº 20), Adolfo Pinto (Dodge nº 22) e Luiz Lazzarini (Ford quatro cilindros nº 24).
O carro do uruguaio Ramón Sierra capotou na curva da Pedra Redonda. Ele foi hospitalizado com fraturas e escoriações, mas se recuperou plenamente. Oscar Bins (filho do político Alberto Bins) foi o líder da primeira volta, o que lhe valeu um troféu, homenagem do empresário Atílio D’Avanzo, representante da gasolina nacional Adimor.
Informações desta página foram publicadas originalmente na coluna Almanaque Gaúcho, do colega Ricardo Chaves, de Zero Hora, a partir da colaboração do leitor Guilherme Ely.