Entre as tantas lembranças da família Amoretti, tema da reportagem especial da revista Almanaque deste final de semana, destacamos aqui a história da famosa padaria comandada por Nicolau Amoretti e pelos filhos mais velhos, a partir do finalzinho do século 19. O espaço funcionava na parte dos fundos da moradia, localizada na Rua Marechal Floriano, 858, e sobrevive até hoje, transformado em uma espécie de salão de festas e reuniões de família.
Conforme dona Ivanizi Amoretti Sartori, autora do livro Resgatando o Passado, o avô Nicolau atuava no ramo da panificação ainda em Porto Alegre e deu continuidade a trabalho ao mudar para Caxias, com o auxílio dos filhos Luiz, Carlos (Carlim) e Sebastião. O sucesso vinha ancorado em duas "estrelas": o pão cervejinha assado no forno de barro — desativado há décadas, mas cujos resquícios existem até hoje nos fundos do casarão.
Segredo eterno
Com a morte de Nicolau Amoretti, em 1908, os três irmãos deram sequência à padaria. O trabalho foi destacado por dona Ivanizi no perfil de Luiz Amoretti, que residiu no antigo casarão da Rua Marechal Floriano até o fim de seus dias.
"Luiz Amoretti, o segundo filho, nasceu em 1877 e faleceu em 1944. Uma das especialidades fabricadas (na padaria) era o pão cervejinha, cuja receita foi um segredo jamais revelado. Quando veio a modernização das padarias, com fornos elétricos e máquinas para amassar, juntamente com seus irmãos e sócios, Sebastião e Carlim, desistiu do negócio. Foi pena. As pessoas mais antigas lembravam com saudade dos saborosos pães que produziam e que eram entregues ainda quentinhos. Jamais quiseram vender a receita, apesar da insistência e das boas ofertas que faziam os donos das padarias que aqui se instalaram. E também não ensinaram para ninguém. A receita guardaram em segredo para sempre".
Posteriormete à lendária padaria, o casarão seguiu como referência de boa gastronomia. Por décadas, dona Victória (mãe de Ivanizi) e a filha Maria (tia) atenderam a encomendas de tortas, docinhos, sonhos e salgadinhos.
Leia mais:
Padaria e Fábrica de Massas de Vittorio Pasetti em 1917
Studio Geremia: mesmo cenário, vários noivos
O centenário do empresário Francisco Alberti
A foto da capa
Um dos espaços mais charmosos do terreno dos Amoretti até hoje, o anexo feito de tijolos aparentes unidos a barro onde funcionava a lendária padaria foi o cenário escolhido para a capa do livro (acima).
Espaço de gastronomia desde os primórdios do casarão, ele segue hoje como espaço de convivência e festa da família. Reunindo as várias gerações de descendentes, logicamente, ao redor da boa mesa...
Leia mais:
Armazém Onzi, um clássico do bairro Rio Branco
Inauguração das Feiras Livres em 1948
Armazém de Antonio Boz nos anos 1940
Sila Mariani Santini e a Mercearia Caxiense em 1952
Inauguração do Super Calcagnotto em 1975
Clube Juvenil
Além de ter atuado na área da panificação, Luiz Amoretti, juntamente com o cunhado Américo Ribeiro Mendes (casado com sua irmã Antonieta), integrou o grupo de rapazes responsável pela fundação do Clube Juvenil, em 1905.
Na foto acima, vemos os irmãos Amoretti por volta dos anos 1910: Luiz (sentado à direita) aparece ao lado de Carlim (sentado à esquerda), Arnaldo, Gastão e Antônio (em pé). Abaixo, todos os 15 irmãos com a matriarca Maria "Marieta" Santini Amoretti. Atrás, a partir da esquerda, estão João, Luiz, Sebastião, Carlos, Arnaldo e Antônio. Na fila do meio, Antonieta, Ida, Hermínia, Maria, Amélia, Santina e Cecília. À frente, a matriarca Marieta ladeada por Silvia e Gastão.