O encontro Memórias da Antunes: Ontem e Hoje, a partir das 14h deste sábado (17), no Centro de Cultura Henrique Ordovás Filho, promete jogar luzes sobre o apogeu e o declínio de uma das maiores empresas do setor vitivinícola de Caxias do Sul ao longo do século 20. Falamos da Vinícola Luiz Antunes &Cia, fundada em 1865, em Porto Alegre, e instalada em Caxias no início dos anos 1910 — o Ordovás situa-se no prédio remanescente do complexo.
A atividade, integrante da programação do Dia Estadual do Patrimônio Cultural pretende reunir moradores próximos – dos bairros Panazzolo, São Leopoldo, Rio Branco e "Lusitano" – e ex-funcionários do local para uma roda de conversa, seguida de visita às edificações remanescentes, como o antigo pórtico e os prédios onde funcionavam o escritório e o laboratório da empresa — atuais Casa das Etnias e sede da UAB.
A ideia, segundo a diretora do Centro de Cultura Ordovás, Claudete Taiarol Travi, é relembrar a história da Antunes a partir dos relatos de quem teve a vinícola como parte de seu cotidiano — seja no trabalho, na vizinhança ou no itinerário.
Entre outros, estarão presentes nomes que até hoje vivem nas redondezas, como Jandira Michelon, Alvis Santos Fiedler e Noeci Lentz da Silva, moradora da histórica casa ao lado do pórtico da Rua Luiz Antunes. Se você também teve a vinícola como parte de sua trajetória, independentemente da época, passe por lá. Toda a programação é gratuita.
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Imagens raras
Na seleção desta página, algumas imagens raras integrantes do acervo de slides do Centro de Cultura Ordovás. Os registros são de 1984, época em que dívidas decorrentes de impostos com a União resultaram em um leilão de praticamente todo o maquinário e equipamentos da empresa.
Quatro anos depois, em 1988, prédio e área foram cedidos pela Fazenda Nacional ao município. Porém, a demora da administração em recuperar o patrimônio resultou em abandono, saques e na rápida deterioração do complexo.
Entre os destaques abaixo, o extinto pórtico da antiga Quinta São Luiz, onde situava-se também a residência do diretor Armando Antunes e sua família, posterior boate Quinta Estação (abaixo).
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Trajetória
Fundada em 1865, em Porto Alegre, a empresa chegou a Caxias por volta de 1910, mas teve seu apogeu verificado entre as décadas de 1930 e 1950. Filho do português Luiz Antunes – e aconselhado por ele -, Armando Luiz Antunes mudou-se para a cidade em 1913 (provável data da construção do pórtico) para abrir uma filial da empresa. Químico prático, com especialização em vitivinicultura, Antunes buscava impulsionar o cultivo de uvas e o comércio de vinhos.
Após transformar Caxias na principal fornecedora da bebida na região, o empresário transferiu-se definitivamente para a Serra. Junto ao complexo do bairro Panazzolo, Armando construiu um amplo casarão (o Quinta Estação) para morar com a esposa, Jandira Neves, e as quatro filhas: Noêmia, as gêmeas Ilka e Ilza (que veio a falecer aos dois anos) e Nilza.
Nos tempos áureos, quando fornecia vinhos para vários estados brasileiros, a vinícola chegou a somar mais de 100 mil parreirais de diversas espécies de uva e empregar centenas de trabalhadores.
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Agende-se
O que: Memórias da Antunes: Ontem e Hoje. Roda de conversa, projeção de imagens antigas e visita aos prédios remanescentes do complexo
Quando: neste sábado, das 14h às 17h
Onde: Centro de Cultura Henrique Ordovás Filho (Rua Luiz Antes, 312- Caxias do Sul)
Quanto: entrada franca
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