A história da Cantina Antunes e a transformação da sua sede no atual Centro de Cultura Ordovás, em Caxias do Sul, ganha o olhar detalhista do jornalista especializado em resgate e preservação de memória Rodrigo Lopes, que assina a curadoria da exposição Antunes e Ordovás: da cantina ao Centro de Cultura. Com vasto memorial fotográfico, memorabilia e depoimentos de antigos funcionários, a mostra abre sexta-feira à noite e segue até 3 de março na Galeria de Arte do Centro de Cultura Ordovás.
A exposição é também um convite para que outras pessoas possam ajudar a enriquecer o acervo com suas próprias relíquias, uma vez que o patrimônio seguirá como memorial permanente na entrada do prédio (porém em local de maior destaque que o atual). Alguns objetos que poderão ser conferidos pela primeira vez chamam a atenção pela curiosidade, como um livreto publicitário editado nos anos 1940, com receitas de coquetéis a partir de bebidas Imperial, uma das principais marcas da vinícola.
— Temos a noção de que o que temos aqui é 0,001% de tudo o que está espalhado em sótãos e porões nas casas de pessoas que presenciaram ou cujos antepassados fizeram parte dessa história. Durante o trabalho de curadoria já recebemos algumas coisas, mas acredito que a visibilidade da exposição pode ajudar a reunir um material bem maior — comenta o jornalista.
Ao passear pela exposição, o visitante poderá conferir desde ferramentas de trabalho até garrafas e rótulos dos vinhos, vermutes, conhaques, licores e vinagres produzidos na vinícola. Nas paredes, dezenas de fotografias retratam o cotidiano da fábrica, a tanoaria, a religiosidade, a vindima, o transporte dos barris para a estação férrea. A cronologia também registra o período de decadência e abandono do prédio após o fechamento da empresa, nos anos 1980, e sua retomada até a inauguração do Centro de Cultura Ordovás, em 2001.
— O Centro de Cultura é o resultado do suor e do esforço de pessoas que começaram a trabalhar pela preservação dessa história desde os anos 1980, muitas vezes lidando com opiniões contrárias e negativas — analisa Rodrigo Lopes.
Para a abertura e também para visitas guiadas ao longo do período da mostra, foi preparada uma compilação de depoimentos de ex-funcionários colhidos para o Banco de Memória Oral do Arquivo Histórico João Spadari Adami, que serão reproduzidos durante a visitação. Ainda sem datas definidas, a exposição também terá uma roda de bate-papo sobre a Cantina Antunes e uma sessão de exibição em slideshow de fotografias descobertas recentemente da vinícola em seu estágio final de funcionamento.
Programe-se
O quê: Abertura da exposição Antunes e Ordovás: da cantina ao Centro de Cultura
Quando: Sexta-feira (8), a partir das 19h (a mostra segue até o dia 3 de março)
Onde: Galeria de Arte do Centro de Cultura Ordovás, em Caxias do Sul
Quanto: entrada gratuita