A experiência profissional de Vasco Rech, 79 anos, está vinculada a uma significativa parte da história fotográfica de Caxias do Sul. O comprometimento pelo ofício fotográfico surgiu dentro de um estúdio fotográfico, algo inimaginável para quem residia na pacata Terceira Légua. A oportunidade apresentada pelo irmão João Rech foi abraçada e respeitada. Desde então, a dedicação honesta com a atividade foi conquistando espaços no dinâmico ambiente de Caxias do Sul.
A cidade, impulsionada por uma indústria forte, Festa da Uva, vida social intensa proporcionada pelos Clubes Recreio da Juventude, Guarany, Juvenil e da própria Igreja Católica, proporcionava oportunidades rentáveis em reportagens e registros documentais. O ingresso no fotojornalismo veio com naturalidade. Tradicionalmente, os jornais de Caxias sempre valorizaram a informação da imagem. Esta característica favoreceu Vasco Rech, que realizou trabalho para vários veículos de comunicação.
Na década de 1960, integrou a equipe de repórteres da Caldas Junior, sendo contemporâneo de Mário Gardelin, Guiomar Chies, Evaristo Dall Alba, José Conti e João Garavaglia. A sucursal do interior era chefiada pelo jornalista Antonio Britto, profissional que atuou na Rede Globo, porta voz de Tancredo Neves (1985), elegendo posteriormente deputado federal e governador do Rio Grande do Sul (1995/1998).
Trabalho reconhecido
Vasco Rech foge um pouco daquele fotógrafo estereotipado, cujo perfil está inclinado e afetado pelas pequenas vaidades. Centrado num trabalho responsável, Vasco compreendeu bem a dinâmica pragmática e exigente da rotina de um jornal. Foi com esta responsabilidade que conquistou a confiança da Polícia Civil na documentação de fatos criminosos e levantamentos periciais.
Na imprensa viu chegar jovens promissores jornalistas. Para os fotógrafos aprendizes, sempre auxiliava no empréstimos de equipamentos, acessórios e sinceras orientações técnicas, um verdadeiro amigo. Hoje, Vasco Rech conserva contato com amigos que atuaram no jornal Folha de Hoje e Pioneiro. Desta vez, no dia 11 de março, a turma de jornalistas Folha de Hoje prepara uma encontro para festejar o aniversário de 80 anos de vida de Vasco.
Nesta recreação saudosista, organizada costumeiramente por Rosa Ana Bisinella e Paulo Cancian, em 2014, Vasco recebeu homenagem da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio Grande do Sul (Arfoc). Anteriormente, em 2009, a Ari Serra Gaúcha também considerou a contribuição do profissional à imprensa caxiense. Além disso, o profissional integra a obra O Instante e o Tempo – A fotografia em Caxias do Sul 1885-1960, documentário que enaltece o trabalho dos fotógrafos locais.
Ritmo alucinante na cobertura de jogos
No passado, era comum fotografar e revelar seus próprios filmes e fotos. Mas nem sempre era assim. Quando atuou pela Caldas Junior, o ritmo era alucinante. Registrava o jogo em apenas 20 minutos e corria para rodoviária para despachar os filmes para Porto Alegre. Na imagem, percebe-se a carteira da Arfoc, emitida em 1979. Vasco preserva uma coleção de carteirinhas e credenciais, documentos que registram sua trajetória nos mais variados eventos.
Vasco é casado com Iria Lorenzoni e tem duas filhas: Márcia e Valquíria. Vasco nasceu em 13 de março de 1937, mas foi registrado em 26 de março.
