Dizem que as joaninhas trazem boa sorte. Acredito desconfiando, porque ainda não entendi de onde vem a sorte. E também não sei onde nascem as joaninhas, porque não é a primeira vez que uma delas aparece dentro do meu apartamento que fica no 12º andar.
Sorte talvez seja a desculpa de quem torcia contra a Argentina na Copa do Mundo. Talvez seja só culpa da sorte e não do talento do até então azarado Messi, que havia tropeçado em 2014. Vai ver ele achou uma joaninha no vestiário antes da partida contra a França. Vai saber.
Dia desses ouvi duas colegas conversando sobre a Mega Sena da Virada. O prêmio pra quem tiver sorte vai ser de R$ 450 milhões. Fosse eu o presidente do Caxias arriscava uma fézinha. Com esse dinheiro o esquadrão grená poderia comprar o passe do atacante Endrick, de 16 anos, recém vendido ao Real Madrid. E ainda sobrava uns R$ 40 milhões pra reformar o estádio.
Sorte a desse guri, né? E pensar que aos 16 anos eu desisti da carreira nos gramados mundo afora. Sorte ou azar? Falando nisso, perguntei pra Mafalda, a joaninha que apareceu aqui em casa, se ela sabe que números devo jogar na Mega Sena. Tentando ajudá-la (a encontrar a minha sorte), coloquei-a sobre um relógio que tenho na cozinha.
Faz uma hora que ela não sai de cima do número 1. Achei a pista meio furada, mas por via das dúvidas, anotei no meu bloco de notas. Dica furada é trocar de fila no supermercado. Porque a má sorte anda sempre ao lado de quem tem pressa.
E se a Mafalda morrer aqui em casa? É presságio de azar? Azar por quanto tempo? Estranho duvidar da sorte e crer piamente no azar, né? E agora, deixo a janela aberta pra Mafalda ganhar o mundo ou deixo-a aqui, aprisionada, até que ela me revele os números da Mega Sena da Virada? E se eu abrir a janela e ela morrer logo em seguida, devorada por um canarinho, sabiá ou urubu? Serei então malfadado pela Mafalda?
E assim, vai que eu a encontre morta dentro de casa, sem motivo aparente nem explicação nenhuma, assim só por azar mesmo, se eu colocar ela na terra, na raiz de uma planta aqui de casa, dá pra dizer que a Mafalda pode vir a ser um vetor de vida e quem sabe assim, aquele possível azar poderia, eventualmente, se transformar em sorte?
Sei lá, pelo sim, pelo não, resolvi bater na madeira três vezes antes de conferir por onde andava a Mafalda. Curiosamente, ela segue sobre o número 1, talvez agora, uns 5 milímetros mais perto do número 12 do ponteiro do relógio. Ainda acho que a Mafalda vai ficar mais feliz se refestelando na grama umedecida, pelo menos é dali que veio a Copa do Mundo do Messi e de onde brotam os bilhões que alimentam a indústria do futebol mundo afora.
Boa sorte, Mafalda. E se quiser voltar dia desses, traz a sorte consigo.