
Inteligência artificial, saúde mental, dicotomia entre tecnologia e humano e o que o futuro nos reserva permearam a palestra de Sabina Deweik durante a reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) nesta segunda-feira (28).
A coluna aproveitou para perguntar à caçadora de tendências, futurista e pesquisadora de comportamento quais a profissões que irão surgir e as que devem desaparecer nos próximos anos. Confira:
Quais profissões devem surgir nos próximos anos?
Tudo aquilo que é ligado à questão ambiental deve ficar muito importante. Gestores de meio ambiente, pessoas que tenham habilidades verdes, como a gente chama, para liderar essa mudança do meio ambiente. Obviamente, tudo aquilo que é ligado à inteligência artificial, de programação. Também, por exemplo, avançamos nas questões de pessoas que cuidam de conexões sociais e humanas dentro de uma empresa ou pessoas que olham para a diversidade. Por mais que a gente tenha retrocedido um pouco nessa pauta nos últimos anos, quando olhamos para o futuro, ele precisa ser plural, porque a inovação nasce dessa pluralidade. Pessoas que cuidem desse meio ambiente onde as pessoas possam simplesmente "ser" dentro do mundo do trabalho. A gente vai ter medicina à distância, robótica. Computação quântica deve acelerar também. Acho que as profissões que lidam com edição genética e biotecnologia também devem avançar.
E quais devem sumir?
Tudo aquilo que for repetitivo, tudo aquilo que for uma tarefa repetitiva que simplesmente precisa de dados e de leitura de dados. Isso a inteligência artificial vai fazer muito melhor e muito mais rápido. Por exemplo, a leitura de vários diagnósticos. É humanamente impossível, a gente demoraria muitos anos para poder fazer uma leitura de muitos diagnósticos ao mesmo tempo. Então, a inteligência artificial vai poder juntar todos esses diagnósticos e fazer a leitura de uma maneira muito mais rápida. Mas ainda assim a gente vai precisar de um médico com experiência, com intuição para que ele possa dizer o que aquele diagnóstico significa, inclusive, detectar imprecisões e poder, às vezes, comunicar para o paciente com empatia: "olha, você tem uma determinada doença". Isso a máquina não vai poder fazer. A máquina até pode ser um simulacro das nossas emoções, mas elas não são nossas emoções. A gente precisa de um médico que tenha olho no olho, que tenha empatia, que possa transmitir aquele diagnóstico para o paciente. Isso vai ser super importante. O atendimento humanizado também fica mais importante com esses avanços.