Nos últimos tempos, Doris Peteffi Guerra tem acordado entre sons de pássaros. Olhando pela janela, às vezes parece poder tocar as nuvens. Com a vida urbana em segundo plano, há sete meses ela está morando no sítio da família, nos altos da Barragem do Faxinal, na Rota do Sol.
– É uma paisagem divina, com água por todos os lados, muitos animais. Simplesmente amo a natureza, descobri que não sou da cidade. Gosto dessa sintonia com o arvoredo, os jardins. Estou amando esta experiência e não vou trocar por nada – revela.
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A nova opção de vida inclui plantar girassóis, colher feijão, tratar dos animais. E, claro, fazer uma das coisas que mais gosta, que é se dedicar à gastronomia. Filha de Octávio Peteffi e Regina Zandomeneghi Peteffi, da memorável Galeteria Peteffi, ela faz da cozinha um ambiente para exercitar um ritual de aromas e sabores.
– Cada dia é diferente, inédito em aromas, sabores e bom gosto. Cozinhar é como tecer um tapete de muitas cores. Vou aprimorando e testando receitas, me realizo muito culinária. Gosto de servir os amigos, de receber – conta Doris, cuja marca registrada desse métier é a La Peteffeta, receita derivada da tradicional maionese de frango servida na galeteria do pai, mas com novos ingredientes.
– Gosto do prazer do preparo com delicadeza, de quando o simples vira sofisticado – descreve, citando como tempero disso os almoços e jantares com o marido, Marcos Guerra, as filhas Melissa Guerra Simões, Alessandra Guerra Sehbe, os genros Rubens Simões Neto e Raphael Sehbe, respectivamente, e os netos Inácio, Olga e Omar.
– Amo os encontros familiares, o tempo de convívio com os amigos. Organizo reuniões com amigas e casais. Celebro isso. Sou uma geminiana intensa em tudo o que eu faço. Mas, claro, agora estamos em um momento de recolhimento – diz ela, cuja rotina diária inclui muitas leituras – as do momento são Gabriel García Márquez e Pablo Neruda.
Para Doris, os prazeres da vida também se expandem para a fotografia, filmes, música, artes. E, claro, às novas lidas de mulher do campo.
– Não tenho vergonha de nada. Vendi um campo de girassóis. Gosto de produzir e ter retorno. Me sinto uma empreendedora. Invento projetos e vou realizando. Agora mesmo planejo a locação de uma cabana aqui do sítio pelo Airbnb.
É com estes prazeres que ela reverencia o viço da vida aos 65 anos.
– Não sou neurótica com nada, me alimento bem, danço, faço exercícios diários. Gosto de um bom vinho. Não consigo me sentir com mais de 50 anos.
É com estas pitadas de sabedoria que Doris tem celebrado seu cotidiano:
– Creio que precisamos aprender a viver leve. Vejo poesia em tudo.