O prefeito Adiló Didomenico explicou à coluna nesta quarta-feira que o projeto que pedia autorização para contratar operação de crédito de R$ 40 milhões para recuperação da pavimentação asfáltica de 66 vias, aprovado terça-feira pela Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, não foi enviado antes ao Legislativo porque, no ano passado, havia “outras prioridades”. Ele afirmou que a solicitação da equipe técnica da Secretaria de Obras e Serviços Públicos para recuperação da pavimentação chegou a ele no ano passado. Mas ressaltou a necessidade de direcionamento de recursos para outras demandas com financiamentos contratados (veja as frases do prefeito, abaixo).
Adiló também diz que ficou bastante “chateado” com vídeo gravado pelos vereadores Adriano Bressan (PRD) e Maurício Scalco (PL) ao saírem da primeira reunião de vereadores com o secretário de Obras e Serviços Públicos e integrantes da equipe técnica da pasta (em 13/3) para oferecer esclarecimentos aos parlamentares sobre o projeto. Ao final, boa parte dos vereadores contou que saiu com mais dúvidas do que quando chegou, e isso levou o vereador Renato Oliveira (PCdoB) a encaminhar pedido de vistas ao projeto por três dias, que foi aprovado. Na saída da reunião, Bressan e Scalco questionaram o valor a ser pago em juro no projeto (mencionaram R$ 33 milhões) para obter crédito de R$ 40 milhões, bem como a escolha da Rua Dom José Baréa para integrar o pacote de 66 ruas selecionadas. A prefeitura aponta que o valor em juro não chega a R$ 18 milhões. Foi uma razão apontada pelo prefeito para que pelo menos seis vereadores de oposição à direita não fossem convidados para uma segunda reunião de esclarecimentos, na segunda-feira (18/3).
Outra reclamação dos vereadores foi quanto à condição da rede de drenagem nas ruas selecionadas para receber recuperação asfáltica, com o temor de que, posteriormente à obra de restauração, fosse necessário escavar novamente a via. Logo abaixo, o prefeito Adiló manifesta-se sobre os questionamentos dos vereadores e esclarece as ações adotadas pela prefeitura.
O que disse o prefeito Adiló
Por que o projeto não foi encaminhado no ano passado
“Foram R$ 62 milhões (em financiamento) para caminhões e máquinas, mais R$ 24 milhões para galerias (da rede de drenagem) e tanques (de contenção) e em torno de R$ 30 milhões para a revitalização do acesso ao Desvio Rizzo. Seriam necessários R$ 100 milhões para recuperar toda a malha da cidade e autorizei R$ 40 milhões. Além disso, não tínhamos segurança se o recurso do Caso Magnabosco seria aceito no STF, e poderia haver precatórios inscritos.”
Vídeo de vereadores de oposição à direita
“Todo o movimento deles foi no sentido de não permitir a operação. Na primeira reunião, questionaram o valor do juro. Saíram da reunião (em 13/3) e gravaram o vídeo sem levantamento, levando informação muito ruim para a população. Espalhou uma informação equivocada pra muita gente. Tu não viu manifestação (dos vereadores que gravaram o vídeo): ‘Olha, nos enganamos’.”
Vereadores sem convite
“Trazer eles para uma reunião (de esclarecimento sobre o projeto, a segunda, em 18/3, quando vereadores de partidos de direita não foram convidados), era uma reunião de técnicos que não são políticos, e esse grupo (de vereadores) tinha uma postura francamente de não deixar aprovar. Se eles quisessem informação, não teriam gravado o vídeo. Quando não quer aprovar, só vê dificuldade e problema. É prerrogativa de vereador, a gente respeita. Mas fico muito chateado com isso.”
Drenagem das ruas
“Não precisa projeto para capear uma rua. Precisa levantamento técnico e orçamento. Se (a rua) apresentar problema de drenagem, a Secretaria de Obras vai corrigir antes de colocar a capa (asfáltica). Ninguém vai colocar capa sem corrigir a drenagem.”
O que disseram os vereadores da direita
Durante as sessões que apreciaram e votaram o projeto, os vereadores Maurício Scalco (PL) e Adriano Bressan (PRD), bem como demais vereadores de oposição à direita, deixaram claro que não são contra a recuperação de vias, mas questionaram a falta de planejamento, de esclarecimentos e de convite para reunião. Sandro Fantinel (PL) chegou a esclarecer que votava contra porque fez uma sondagem com seus eleitores e diz que 96% deles pediram para votar contrário.