Criatividade, ousadia e aposta em novos filões são características identificadas na nova leva de empreendedores de Caxias. Na turma de quem busca fazer diferente, e oferecer algo apetitoso, estão as sócias da Benditas Experiences – a sommelier Renata Formolo (E) e a publicitária Virginia Boff (D).
A empresa, focada em promover a enocultura, busca difundir o conhecimento sobre a harmonização de vinhos com um novo conceito de aprendizagem, chamado de “inteligência sensorial”, a partir do treinamento dos sentidos. A matéria-prima é sempre o vinho. Mas as capacitações e os cursos são voltados tanto a empresas quanto a pessoas físicas, além do Wine Solutions, para o desenvolvimento do mercado do vinho.
Nessa entrevista exclusiva à coluna, as empresárias falam sobre o desafio de promover a bebida-símbolo da Serra:
Caixa-Forte: Os restaurantes da Serra estão preparados para indicar harmonizações?
Renata Formolo: Os restaurantes poderiam ter um olhar mais atento, investindo em um profissional sommelier para a seleção de vinhos e espumantes, pois essa função quase sempre fica a cargo de revendedores de vinho, que, apesar de fazerem um ótimo trabalho, não conseguem personalizar com o perfil de cada estabelecimento. Com a personalização na seleção dos produtos, consegue-se aumentar a satisfação do cliente e, consequentemente, o faturamento.
O consumo de vinhos ainda está aquém do potencial na região?
Virginia Boff: Existe um aumento crescente no consumo de vinhos a cada ano. Embora as cervejas e os destilados sejam os grandes concorrentes do vinho, se unirmos os três tipos – vinhos finos, de mesa e espumantes –, teremos um percentual mais significativo.
Renata, você costuma dizer que vinho ou é bom ou é ruim, incluindo nesse aspecto o vinho de garrafão, ainda muito produzido na região, mas bastante criticado.
Renata: Quando falo que não existe vinho comum e vinho fino quero realmente chocar para fazer as pessoas provarem de tudo e darem uma atenção especial para o nosso vinho. Já vi muita gente tomando vinho comum importado e achando o máximo. Tem muita coisa bem feita aqui, a tecnologia nas vinícolas e os enólogos são muito bons. As pessoas sabem identificar o que gostam e o que não gostam, porém têm dificuldade em avaliar as características do que é um vinho de alta ou baixa qualidade.
Como um vinho pode ou não enaltecer um prato?
Renata: Harmonizar consiste em buscar o equilíbrio gustativo entre o prato e o vinho, não esquecendo que existem os gostos pessoais. Para isto, existem técnicas adequadas, não é uma tarefa fácil. Contudo, acho importante que o consumidor se arrisque, pois a experiência é interessante.
A Serra vem ampliando a qualidade dos vinhos. Mas muita gente ainda prefere os rótulos importados. Certo?
Virginia: Ainda existe preconceito sobre o vinho nacional porque as pessoas não tiveram oportunidade de provar bons rótulos por falta de conhecimento ou até mesmo de oferta no ponto de venda. Se comparar um vinho nacional de qualidade com um vinho importado básico, é claro que o importado será mais barato. Os vinhos nacionais precisam ser melhor trabalhados, explorando a imagem da indústria brasileira. O vinho brasileiro só precisa ser degustado corretamente e aí o namoro acontece.
Caixa-Forte
'Já vi muita gente tomando vinho comum importado e achando o máximo', diz sommelier
Renata Formolo e Virginia Boff, sócias da Benditas Experiences, de Caxias, falam sobre o desafio de promover o vinho, bebida-símbolo da Serra
Silvana Toazza
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