Quem passasse pelo km 170 da BR-116, em Vila Cristina, no dia 2 de maio, jamais poderia imaginar uma reabertura em curto prazo. Com base nos danos amplos, já que a estrada foi levada pelo Arroio Pinhal naquele ponto, e na tradicional demora do poder público em resolver muitas questões, mesmo que urgentes, essa descrença era plenamente justificada.
O fato é que, exatamente duas semanas depois, no dia 16, a via estava aberta, em uma formidável ação conjunta de comunidade, empresários e governantes. A partir disso foi restabelecido o contato mais fácil da área urbana de Caxias do Sul com o distrito de Vila Cristina, além de oferecer mais uma opção para o deslocamento entre os municípios da Serra e a região Metropolitana.
Esta foi, sem dúvida, uma ação exemplar, por vários motivos. Um deles foi a união de atores que muitas vezes têm dificuldade em conjugar os pensamentos e deixar interesses menores de lado. Empresários não são rivais de governantes, que por sua vez não podem se ver como algo diferente da comunidade. Juntar essas três partes foi fundamental para esta obra, e por isso ela andou.
Todos perceberam o dano social e econômico que um bloqueio naquela estrada ia causar. Os empresários se mobilizaram rapidamente, com máquinas e recursos. A comunidade de Vila Cristina se voluntariou e muitas pessoas ajudaram oferecendo o que podiam naquele momento: seu trabalho. O governo, por meio do DNIT, prestou apoio técnico e não criou obstáculos para que o trabalho fosse realizado. Tudo funcionou, e o rápido resultado mostra o quanto a iniciativa deu certo.
Vamos precisar de muito trabalho e muita iniciativa para recuperar os milhares de danos que a tragédia climática provocou. Os gaúchos de hoje precisam estar à altura dessa situação, pois terão a responsabilidade de levantar o RS em um momento que ficará marcado como um dos principais e mais difíceis de nossa história. Nesse contexto, além de muita vontade, precisamos de bons exemplos.
A Serra Gaúcha já tinha se destacado com a reconstrução da ponte para Nova Roma do Sul, e fez isso de novo em Vila Cristina. Em um momento de extrema necessidade, ficou claro que é possível pensar em soluções que levem em conta a urgência, agilizando processos e se unindo em prol de algo maior. Por isso é preciso reconhecer, parabenizar e divulgar esse tipo de ação, para que ela sirva de inspiração. Mais do que nunca, precisaremos multiplicar boas iniciativas como essa.
