Celebrado anualmente em 25 de novembro, o Dia Nacional do Doador de Sangue foi instituído por decreto há 60 anos. A data busca conscientizar sobre a importância da manutenção dos bancos de sangue para salvar vidas.
Na região norte do Estado, um grupo de doadores de Tapejara viaja todas as sextas-feiras a Passo Fundo para ajudar pacientes internados no município que necessitam de sangue. As doações são feitas no Hemocentro Regional (Hemopasso) e contam com a participação de 14 a 25 doadores.
Nesta semana, em alusão à data, a mobilização acontece nesta segunda-feira (25). A ação, uma parceria entre entidades e município, vai levar 28 doadores até a unidade, todos reunidos em trabalho voluntário desenvolvido por Cintia Pithan, 49 anos, que organiza as turmas.
— As cidades estão em alerta em razão da falta de sangue, a demanda é muito grande, e eu organizo esse grupo de forma totalmente voluntária — explica a voluntária.
Além do Hemopasso, o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) também possui o Serviço de Hemoterapia com demanda por doadores. Em 2024, o local registrou 8.753 doações que beneficiaram 12.566 pacientes.
— Quase 60% das pessoas que doam conosco são voluntárias e de repetição, o que é muito importante em um hospital referência de atendimento em procedimentos de média e alta complexidade. Para ter um estoque satisfatório, precisamos em torno de 80 candidatos por dia — pontua a gestora e responsável técnica do serviço, Cristiane da Silva Rodrigues de Araújo.
Alerta para o fim de ano
A especialista enfatiza a necessidade dos doadores manterem as doações no fim de ano. Com férias e feriados, a tendência é que os estoques caiam. Além disso, o aumento nas viagens resulta em consequente acréscimo no número de acidentes, o que requer a reposição rápida dos bancos.
— Fazemos um alerta para doar neste periodo e seguir doando, porque no fim de ano com festas, feriados, a tendência é que as doações diminuam. Nós inclusive já prevemos ações para captar mais doadores nessa época.
A coordenadora de captação do Hemopasso, Alexandra Mazocca, aponta a importância dos grupos que fazem doações regulares. As coletas auxiliam pacientes de todas as faixas etárias e em diferentes tipos de necessidades, como transfusões, cirurgias e tratamento oncológico.
— Os grupos são de extrema importância porque são fiéis ao serviço, vêm de forma regular ao Hemocentro. Mesmo que doem de forma nominal a algum paciente, essas pessoas ajudam a regular e controlar as doações. Através desses grupos, a gente consegue fazer a produção de hemocomponentes mais organizada, principalmente para a parte pediátrica.
"Solidariedade precisa ser contínua"
Alexandra destaca que o número de doadores voluntários cresceu nos últimos anos, mas ainda está longe do ideal. Atualmente, a unidade tem 30% de doadores que garantem a rotatividade do serviço.
— A gente ainda vê que as pessoas tendem a se conscientizar mais quando acontece algum fato como as enchentes. Elas tendem a fazer uma mobilização maior, o que é positivo, mas a solidariedade não pode ser pontual, precisa ser contínua. Dependemos do abastecimento diário, com ao menos 70 doadores — pontua.
As plaquetas, principal componente das doações, têm validade de apenas cinco dias. A limitação torna ainda mais importante a presença constante de doadores nas instituições. Além das plaquetas, outros três elementos também são aproveitados por cada doador, explica o hematologista e hemoterapeuta William Chaves.
— A cada doação, o sangue é fracionado em quatro elementos que podem beneficiar pacientes, por isso dizemos que uma doação salva até quatro vidas. As plaquetas são o estoque mais crítico do banco de sangue por causa da durabilidade delas. Além disso, cada paciente normalmente precisa de seis doadores, por isso a importância de um número grande de doadores — reitera.