
Previsto para começar em 27 de fevereiro, o júri do caso Sandra Mara Lovis Trentin, contadora de Palmeira das Missões, encontrada morta em 2018, foi adiado nesta segunda-feira (17).
Conforme o Ministério Público, o motivo do adiamento tem a ver com a desistência do advogado de defesa de Paulo Ivan Baptista Landfeldt, acusado de ser o mentor do desaparecimento e assassinato de Sandra Mara Lovis Trentin e um dos réus do processo. O segundo réu é Ismael Bonetto, apontado como executor do crime.
Questionado, o advogado do marido da vítima, João Batista Taborda, não respondeu aos pedidos de esclarecimento da reportagem. O espaço segue aberto.
A nova data do júri não foi agendada e depende da escolha de um novo advogado pelo réu. O julgamento acontecerá no Fórum de Palmeira das Missões.
O caso ganhou repercussão após janeiro de 2018, quando a contadora Santa Mara desapareceu depois de sair de casa em Boa Vista das Missões, no noroeste gaúcho. O carro dela foi encontrado no município vizinho, Palmeira das Missões, último local onde foi vista com vida.
O mistério gerou mobilização até a confirmação da morte, com a localização dos restos mortais, um ano depois. A ossada estava em uma mata no limite com o município de Condor. São réus no júri o marido da vítima, ex-vereador Paulo Ivan Baptista Landfeldt, e Ismael Bonetto, apontado como executor do crime. Os dois seguem presos e negam envolvimento no homicídio.
Caso de reviravoltas
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A denúncia do Ministério Público afirma que Landfeldt não queria dividir o patrimônio do casal numa eventual separação. A acusação sustenta que Sandra tinha conhecimento do envolvimento do marido em atos ilícitos, irregularidade e improbidade administrativa, em Boa Vista das Missões, e poderia levar isso ao conhecimento das autoridades.
Segundo a denúncia, o então vereador teria contratado Bonetto e outros executores — não identificados pela investigação — para assassinar a vítima. Landfeldt teria prometido R$ 40 mil pelo assassinato e sumiço da mulher.
Segundo a denúncia do MP, em razão disso, Bonetto e os demais executores renderam Sandra, com armas de fogo, levaram a vítima até local ermo, onde ela foi assassinada. Inicialmente, o corpo teria sido escondido em matagais no interior do município de Vicente Dutra.
Em fevereiro de 2018, o marido de Sandra procurou a polícia para afirmar que estava sendo extorquido por um rapaz que afirmava estar com a contadora. Dois dias depois, o mesmo jovem, identificado como Ismael Bonetto, então com 22 anos, foi preso em Lages, Santa Catarina.
A prisão mudou os rumos da investigação. Bonetto confessou à polícia que tinha sequestrado e assassinado com dois tiros a contadora, a mando do marido dela. No mesmo dia Landfeldt foi preso.
Antes disso, porém, o marido teria removido o corpo de Sandra com auxílio de outras pessoas, não identificadas, até uma cova rasa, às margens da BR-285. No mesmo local, foi deixada uma sacola com cartões bancários, documentos e pertences da vítima.
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Uma semana após a prisão, Bonetto voltou atrás e disse que mentiu sobre ter assassinado a contadora a mando do vereador. Contou que ficou sabendo do desaparecimento por uma vizinha e que decidiu extorquir Landfeldt, mentindo que estava com Sandra. Mas não soube explicar por que disse à polícia que havia matado a mulher.
A Polícia Civil entendeu, no entanto, que a primeira versão apresentada pelo jovem preso era a mais próxima do que aconteceu com a contadora e indiciou os dois. Até então, Sandra Mara seguia desaparecida.
O corpo da contadora foi encontrado um ano depois, em janeiro de 2019. A análise da arcada dentária confirmou que os restos mortais eram da vítima, mas a causa da morte não pôde ser apontada com precisão em razão do tempo transcorrido entre o óbito e a localização da ossada.