O acervo do Instituto Educacional de Passo Fundo, no norte do Estado, colégio mais antigo em atuação no município, está recebendo tratamento de conservação. O trabalho é realizado por um grupo de alunos do curso de História da Universidade de Passo Fundo (UPF).
As peças recolhidas do prédio Texas, tombado como patrimônio histórico, que está sendo restaurado atualmente, revelam a história centenária do educandário, que se confunde com a trajetória de toda a região. São equipamentos de datilografia, material vinculado à formação em contábeis - de máquinas registradoras até calculadoras atuais - caixas de modelo para aulas de eletricidade, que relembram o período em que a escola oferecida cursos técnicos. Também surgem surpresas em meio ao acervo, como fotos da década de 1930 em diante.
As peças são um verdadeiro tesouro comunitário, que trazem a história e revelam o que foi vivido na escola durante todas essas décadas — conta a professora Gizele Zanotto, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em História da UPF e responsável pelo trabalho realizado em conjunto com quatro estagiários do curso.
Entre os objetos inusitados, chuteiras que foram encontradas em meio à obra de restauração:
— As chuteiras revelam a grande vinculação com o esporte que a escola mantinha. Elas foram resgatadas das obras e simbolizam a consolidação da escola por muitas décadas como instituição com times importantes em várias modalidades.
Nos livros de registros, estão gravados sobrenomes conhecidos, endereços, cidades da região que tiveram alunos frequentando a escola, uma trajetória que se confunde com a história local.
— Se trata de uma escola, mas também de pessoas formadas que atuaram e atuam na cidade e que compõem esse caldo de cultura que tornou Passo Fundo conhecida pelo destaque educacional, desde os anos 50, consolidada como polo regional de educação, e neste período com o início do Ensino Superior aqui.
A professora revela que o acervo demonstra a vinculação regional que Passo Fundo tem:
— É uma história muito importante para a cidade e para a região e os livros mostram não somente isso, mas a grande vinculação regional. Tem muito aluno de cidades vizinhas, muito aluno do sul do Estado e até de outros países como vimos no livro de registro de matriculados. Tem um mundo de informações para explorar neste material todo que estamos trabalhando para deixar para a comunidade.
Gizele afirma que o projeto da escola é deixar o acervo disponível para a comunidade, por meio de um memorial, que está previsto para ficar no andar térreo do prédio Texas.
Como o projeto nasceu
De acordo com a coordenadora, o projeto nasceu do interesse do comprador do colégio, que investiu na infraestrutura, incluindo o prédio Texas, mas também no mobiliário e em elementos de memória que a escola guardava.
— Esses elementos são móveis, troféus, quadros, placas, livros de registros, entre outros materiais chamados de acervo museológico — diz Gizele.
Para dar conta desses materiais, a nova gestão entrou em contato com a UPF para que fosse feito um plano de salva guarda e tratamento dos mesmos.
Os objetos foram recolhidos e levados para uma sala, onde foi feito um trabalho de quarentena, desinsetização e descupinização e só depois começou o manuseio pela equipe.
—Agora entramos na catalogação peça por peça, para fazermos um livro tombo e um inventário dessas peças que irão compor o memorial — relata a coordenadora.
A professora garante que o principal objetivo é proteger a memória e resgatar a história, que será eternizada através dos objetos.
GZH Passo Fundo
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