
Cinco anos se passaram desde a confirmação do primeiro caso de covid-19 em Passo Fundo, completos nesta quinta-feira (27). De lá para cá, as atividades remotas se tornaram a única forma de seguir com os trabalhos durante a pandemia e entraram de vez na rotina de algumas empresas e instituições da cidade.
A crise sanitária fez com que empresas evoluíssem no uso de tecnologias e acelerassem o processo de adequação ao digital. Hoje, esse reflexo aparece na maior inserção das marcas no meio digital, impulsionando as vendas online e delivery, como aponta a economista e professora da Universidade de Passo Fundo (UPF), Cleide Moretto:
— Os processos de digitalização aceleraram o número e o ritmo das vendas no e-commerce, superando as previsões mais otimistas. Tivemos uma crescente adesão de práticas inovadoras, como a utilização de ferramentas digitais para consultoria, transações e colaboração, a adoção da automação, da inteligência artificial e da robótica nos locais de trabalho.
Um exemplo de quem transformou a atuação depois da pandemia foi a UPF, que ampliou a oferta de atividades à distância. Depois da pandemia, praticamente todos os cursos de graduação passaram a ter disciplinas remotas como recurso metodológico, de forma parcial ou total.
No caso das especializações e pós-graduações, há oferta de cursos totalmente à distância, o que proporcionou matrículas de alunos de de todas as regiões do Brasil.
— As especializações apresentaram um avanço de quase 500% nos primeiros anos pós-pandemia. Vimos que os alunos almejam uma formação mais dinâmica e rápida. Hoje ofertamos mais de 250 cursos de especialização 100% online, que representam cerca de 75% das nossas matrículas deste ensino — calcula a reitora Bernadete Dalmolin.
Trabalho híbrido
Apesar do aumento gradativo de empresas que voltam à operação 100% presencial, a pandemia impulsionou uma nova modalidade: o trabalho híbrido — ou seja, aquele em que há possibilidade de conciliar o presencial com home office.
Como em tudo, há dois lados da moeda nesse modelo, como explica a economista:
— O teletrabalho pode levar a uma operação mais descentralizada, permitindo aos trabalhadores viverem longe dos seus locais de trabalho, até mesmo em diferentes países. Por outro lado, pode aumentar a concorrência e reduzir a segurança no emprego, uma vez que as empresas podem mais facilmente terceirizar o trabalho para mercados de trabalho de menor custo.
Esse seria o cenário ideal do analista de sistemas Marcos Remos de Oliveira. Morando em Passo Fundo, ele presta serviço como administrador de banco de dados de uma empresa telefônica, que tem sedes em São Paulo (SP) e Curitiba (PR) e trabalha 100% remoto.
Entrou na empresa ainda durante a pandemia e, apesar dos benefícios de estar sempre em casa, relata que sente falta da interação presencial com os colegas. Por isso, abriria mão do conforto de casa para estar alguns dias presencial na empresa.
— Eu acho que eu estou no lugar certo, mas eu não me importaria em ter dias presenciais. Ter um colega para tomar um café, coisa de 15 minutinhos no dia, sem ser por áudio ou ligação, são coisas que sinto falta — finaliza.
Cinco anos do primeiro caso de covid-19 em Passo Fundo
Ao todo, Passo Fundo teve 80.250 casos e 847 mortes em decorrência da covid-19. Cinco anos depois do primeiro caso confirmado, a cidade tem reflexos não só no mercado de trabalho, mas também na saúde e educação. Leia a primeira reportagem da série, publicada na quarta-feira (26). A próxima e última será lançada na sexta (28).