A dois meses para a Páscoa, lojas e mercados de Passo Fundo já exibem os tradicionais ovos de chocolate nas prateleiras. Em 2025, a celebração acontece em 20 de abril e tem movimentado o comércio antes mesmo do Carnaval.
Em uma loja de chocolates na Avenida Brasil, os produtos chegam no estabelecimento ainda em janeiro e são colocados à venda em fevereiro, como afirma a gerente Lucineli Lopes.
— A gente começa a expor eles pelo menos um mês e meio antes (da Páscoa). O pessoal procura para garantir, porque geralmente mais próximo da data nós ficamos sem, principalmente desses que vem bichinhos, para crianças — disse.
Em outra loja no centro da cidade, o proprietário Marcio Pruss afirma que a estratégia de expor os produtos com antecedência é justamente sair na frente da concorrência e ambientar a clientela com as novidades da campanha, além de fornecer um parcelamento maior das compras.
— Comprando com antecedência, até a data da Páscoa os compradores já poderão estão com as suas compras pagas. Tem produtos temáticos de alta demanda, então, com medo de faltar, alguns clientes já garantem o produto comprando com antecedência. Muitos compram, deixam na loja em nosso estoque para retirar mais próximo da data — conta.
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Neste ano, os preços dos ovos de chocolate variam de R$ 54,99, em 170 gramas, até mais de R$ 200, em um produto com 400 gramas. Já é possível encontrar opções de diferentes marcas, como Nestlé, Lacta e Kinder.
Produtos com sabores específicos como pistache podem chegar a R$ 209 em 600g. Ovos de Páscoa com brinquedos também tendem a custar mais caro, com valores entre R$ 64,90 (204 gramas) até R$ 134,99 (170 gramas).
Também comuns nessa época do ano, as tradicionais caixas de chocolate são uma opção mais barata para quem não quer deixar de presentear familiares e amigos. O consumidor que escolher essa opção pode encontrar preços que variam de R$ 13,90 a R$ 21,50.
O que dizem os consumidores
Os valores têm assustado os compradores, que têm considerado a opção de não comprar chocolate ou procurar por alternativas. É o caso da Karoline Bueno Santos, 40 anos, que deve produzir os próprios ovos de Páscoa em casa para presentear os filhos e familiares.
— A barra de chocolate que eu vi de 160 gramas está na promoção, por exemplo, mais barata que um ovo do mesmo tamanho. Quantas barras eu consigo comprar e derreter o chocolate em casa? Ainda não compramos, mas estava dando uma olhada nos preços e está tudo caríssimo, um absurdo. Tudo que eu compro no mercado eu olho o preço por quilo. Com o chocolate não é diferente — conta.
Para a aposentada Cleci Webber Pérez, os produtos da época chamam a atenção pela beleza, mas não pelo preço.
— Já faz alguns anos que não tenho comprado ovos de Páscoa, mais em função do preço mesmo. Não pretendo comprar esse ano novamente. O máximo é algumas barrinhas de chocolate — conta.
Estratégia para vender
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Cada indústria possui a sua própria estratégia de venda, mas é sempre próximo do Carnaval que as lojas começam a exibir os produtos dedicados à Páscoa, disse o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), Jaime Recena.
— Com o Carnaval em março, é natural que essa estratégia acabe sendo antecipada para manter a jornada de aproximação com o consumidor final, que ganha ao contar com previsibilidade para suas decisões de compra — disse.
A economista Giana Mores salientou que o cenário é desafiador. Com o aumento do preço dos produtos, o consumidor tem sido mais cauteloso na hora da compra e promoções estratégicas podem ser uma saída para o comércio.
— As lojas precisam vender. Então pensar em soluções que caibam no bolso do consumidor é importante. O chocolate está mais caro porque o preço do cacau subiu, então o varejo precisa pensar bem na precificação e no estoque. Não é que os lojistas estejam adiantados demais, é uma estratégia. Quem começa a vender antes pode pegar uma fatia maior do mercado — pontua.