Além de ser época de comprometimento com novas metas, janeiro também é tempo de comprometimento do orçamento para muitas famílias, com despesas como impostos, compra de materiais escolares e férias. Para evitar dívidas e começar o ano com as contas equilibradas é preciso planejamento financeiro.
Uma medida simples é a primeira recomendação de especialistas: organizar as contas. O primeiro passo é analisar efetivamente o quanto se tem de renda disponível, afirma a economista e professora da Universidade de Passo Fundo (UPF) Cleide Fátima Moretto:
— Mais de 70% das famílias brasileiras possuem algum grau de endividamento, ou seja, gastam mais do que têm de renda. Muitas pessoas olham para o rendimento bruto mensal apenas, mas tem que pensar que em cima disso tem descontos, como planos de saúde e encargos sociais.
A última atualização do Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil, do Serasa, mostra que no mês de outubro o país atingiu a marca de 73,1 milhões de endividados. No Rio Grande do Sul, cerca de 40% da população enfrenta este problema.
A economista também orienta as famílias a colocarem no papel todos os gastos fixos, ou seja, previsíveis, e os extraordinários. Cleide cita o IPVA, o IPTU e a compra do material escolar como despesas que podem ser organizadas com antecedência.
— Ao longo de todo o ano é preciso observar o rendimento e como será possível separar essa parte do recurso que será utilizado para essas contas que já são previsíveis — explica.
Olhar para o futuro
Planejar, observar, colocar os custos no papel e se programar durante o ano. Estas são algumas dicas que podem ajudar a manter o controle financeiro da família.
Conforme Cleide, um dos pontos fracos dos brasileiros é o planejamento a longo prazo. A frequente priorização de necessidades imediatas pode levar ao uso de parcelamentos e empréstimos.
— Tem que pensar no custo deste empréstimo, ainda mais agora que estamos com elevação das taxas de juros. Já é ruim estar endividado do ponto de vista psicológico, mas é pior ainda quando você tem que pagar um preço muito maior do que aquele valor inicial que já estava devendo — explica.
A economista ainda ressalta sobre a importância de todos os integrantes da família entenderem a origem do dinheiro e como ele pode ser gasto.
— É interessante que a criança, principalmente, tenha uma ideia de limite de como ela pode gastar, das horas trabalhadas do pai e da mãe, por exemplo. São elementos importantes para que a gente tenha esse espaço de educação financeira dentro de uma família — conclui.