Em Passo Fundo, pesquisadores debatem novas soluções de manejo do solo com agricultura biológica, prática de cultivo que não usa fertilizantes, pesticidas e inseticidas sintéticos. As discussões começaram na quarta-feira (16) e terminam nesta quinta (17), no 1º Seminário de Agricultura Biológica.
O encontro mobilizou palestras sobre comunidades de microrganismos, relatos de agricultores, tecnologias de aplicação de biológicos, macrobiológicos e drones na agricultura convencional e biológica.
— Diferente do sistema tradicional, que hoje é baseado em defensivos químicos e tem o objetivo de eliminar pragas e doenças, nós entendemos que é preciso trabalhar para o equilíbrio. Isso vai fazer com que as doenças e pragas não aconteçam ou que consigamos, através de intervenções com tecnologias, reduzir o impacto no sistema e facilitar o controle do cultivo — disse Ricardo Benvenuti, CEO da AgroRB Tecnologias, que idealizou o evento.
A gama de produtos biológicos disponíveis para a agricultura cresceu desde 2010. Isso, segundo o engenheiro agrônomo Luiz Gustavo Mello, um dos palestrantes do seminário, indica que o setor pode estar se aproximando de uma virada de chave — da predominância atual do uso dos químicos para a dos biológicos.
Setor em expansão
Essa perspectiva vem na esteira da palestra do pesquisador da Embrapa, Anderson Ferreira, que ressaltou a importância que o uso de biológicos ganhou nos últimos anos.
Um exemplo são as bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico — ou “bactérias diazotróficas”. Esses microrganismos operam na inoculação da soja, de forma que dispensa a aplicação de adubo nitrogenado, o que reduz os impactos ambientais e financeiros.
Outro caso são as associações micorrízicas, que ajudam as plantas a melhorar a captação de nutrientes como fósforo, zinco e água. Essas associações também protegem as plantas de efeitos tóxicos de metais pesados.
Segundo Ferreira, o momento é de oportunidade para o desenvolvimento de novos produtos, uma vez que existe um grande número de microrganismos sendo estudados e prestes a serem lançados.
Enquanto isso, o mercado de biológicos está em crescimento. Uma projeção aponta que a busca por esse tipo de insumo deve saltar de 3% para 15% até 2025. Apesar disso, ainda existem grandes desafios para a indústria, que precisa estar atenta para a correta produção dos produtos, concordaram os palestrantes.