Desde o dia 8 de julho, a Sicredi Integração de Estados RS/SC/MG tem um novo presidente. Trata-se do engenheiro agrônomo e produtor rural Alexandre Palma Palagio, que já possui uma longa caminhada junto à cooperativa.
– Foi uma trajetória de construção. O cooperativismo ainda não tinha uma imagem consolidada – lembra Palagio.
O presidente recorda que os desafios, que nunca cessaram, eram ainda maiores no começo dos anos 1990, quando se tornou associado. Até então, o contato e a admiração pelo cooperativismo vinham da relação com clientes da empresa que trabalhava – e da qual viria a ser dono posteriormente – e que faziam parte da cooperativa.
– Cada vez que íamos lá resolver algo, ficávamos mais encantados com as ações desenvolvidas para a comunidade e para os associados – conta.
Palagio logo entendeu um dos principais pilares do cooperativismo: reinvestir os resultados na comunidade onde está inserido. Foi com esse entusiasmo que, um ano depois de ingressar na cooperativa que deu origem ao Sicredi, já era integrante do Conselho de Administração, onde ficou por 28 anos – 21 deles como vice-presidente.
A Sicredi Integração de Estados RS/SC/MG tem sede em Passo Fundo e marca presença em outros quatro municípios gaúchos, além de 15 em Santa Catarina e 33 em Minas Gerais. São 25 agências, ao todo, com 360 colaboradores, fazendo o atendimento de 61 mil associados.
O desenvolvimento das regiões em que cooperativas estão inseridas é, na visão de Palagio, um dos principais trunfos | Crédito: Daniel Santos
Em entrevista, o novo presidente conta como tudo começou, lembra episódios marcantes e projeta o futuro, com metas de expansão nos três estados de atuação. Confira:
Como começou a relação com o cooperativismo?
Quando iniciei minha atividade profissional como engenheiro agrônomo, há 30 anos, era assistente técnico na empresa de um professor meu e, depois de um tempo, passei a ser dono. Nós fazíamos o planejamento para os produtores e alguns deles eram associados.
Na época, a Cooperativa de Crédito Rural de Passo Fundo se chamava CREDIPASSO e era somente rural. Ali, nós começamos a conhecer o cooperativismo como teoria, e não como prática. Isso começou a nos encantar diariamente, a cada contato. Em 1994, pedi ingresso no quadro social da cooperativa e nos primeiros dias daquele ano fui admitido. Logo passei para as lideranças e, no ano seguinte, para o Conselho.
Quais as lembranças mais marcantes desse período?
Quando entrei no Conselho, tivemos de destituir o então presidente. Talvez tenha sido a decisão mais difícil que eu enfrentei. Quem assumiu foi o presidente que eu substituí agora, que tem 36 anos de trabalho dentro da nossa cooperativa.
Com orientação da Central, tivemos que tomar essa decisão e colocamos outro presidente, que teve 28 anos de mandato. E, destes, eu estive como vice-presidente em 21 anos.
O cooperativismo precisava ser construído e demonstrado, com ações, que era seguro e interessante. E assim se fez esse trabalho – que nunca parou, mas hoje já está construída uma imagem forte, um serviço que tem garantias, é regido pelo Banco Central e oferece total segurança para a sociedade.
Qual a situação da cooperativa que assume agora?
O tamanho da cooperativa não é uma surpresa, porque acompanhamos todo esse crescimento. Algumas ações foram especialmente relevantes. A primeira delas, em 1995, foi a criação do nosso banco, o Bansicredi. Em 2003, veio a homologação da lei que permitiu a livre admissão de associados, ou seja, o Banco Central permitiu que trabalhássemos com todas as categorias profissionais e empresas que tivessem simpatia por esse modelo de negócio. Em 2004, passamos a nos chamar Sicredi Planalto Médio RS.
Nos anos seguintes, tivemos um grande desenvolvimento em número de associados. Já em 2014, a legislação passou a permitir a expansão para área descontínua e, assim, coube a nós a ampliação de abrangência até Santa Catarina. Nascia a Sicredi Integração de Estados RS/SC. Com projetos sendo aprovados pela cooperativa central e também pelo Banco Central, fomos aumentando nosso raio de ação e, este ano, obtivemos a liberação para atuarmos também em Minas Gerais.
Qual o cenário para o mercado de crédito cooperativo?
O cooperativismo cresce acima do sistema financeiro nacional pelas ações que são desenvolvidas. Não só o modelo do Sicredi, mas as outras cooperativas também têm crescimento bastante vertical, porque as pessoas estão entendendo o que é o cooperativismo e o que ele faz pelo local onde está presente. Elas entendem que o dinheiro captado fica ali fomenta o comércio e que esse círculo virtuoso traz o crescimento da comunidade.
Quais as tendências para os próximos anos?
O nosso sistema vem inovando permanentemente, porque temos outras necessidades. Temos que atender aos associados tradicionais e, ao mesmo tempo, entender o que os futuros associados gostam ou precisam. Devemos continuar com um crescimento muito grande. Nosso planejamento estratégico tem perspectiva de crescimento elevado até 2025. Antes, se planejava para 10 anos, depois cinco e, agora, dois. Há um dinamismo muito grande. Então, conseguimos fazer planejamento para dois anos e mesmo assim estamos sempre revisitando. A transformação digital, por exemplo, está sendo buscada com muita agilidade.
Qual o principal direcionador da nova gestão?
Nós continuamos em uma batida muito forte no relacionamento com os associados, com as entidades e com as lideranças. Está no nosso DNA. Na parte econômica, temos um planejamento estratégico a ser seguido.
Em 2014, implantamos um modelo de governança. Temos Conselho Estratégico, também uma Diretoria Executiva, com profissionais com competência comprovada que desenvolvem nosso planejamento estratégico. O conselho dita o alinhamento, define para onde devemos seguir e pensa nas estratégias para desenvolver isso.
A qualificação e o desenvolvimento dos colaboradores são permanentes. Neste momento, estamos revisitando o planejamento estratégico, que está muito alinhado com o da cooperativa central. Temos assessoria de uma empresa de relevância nacional, dando acompanhamento para o desenvolvimento de ações para esse planejamento e também no desenvolvimento dos nossos profissionais.
Que metas o novo presidente tem no horizonte?
Temos o grande desafio, que é permanente, de crescimento horizontal, expandindo a área de abrangência. E também vertical, que é, dentro dos próprios municípios, olhar onde podemos implantar uma nova agência para estarmos mais próximos dos futuros associados.
Olhamos muito para o número de associados que podemos ter em cada local. Pensamos sempre em levar agências mais próximas a lugares em que exista potenciais associados. Isso porque queremos fomentar o desenvolvimento das comunidades, bem próximo de onde está nossa agência, levando esse modelo de negócio para mais pessoas.