
Elon Musk, um dos principais apoiadores de Donald Trump desde o início do mandato, já está tornando públicas as suas queixas sobre o tarifaço do presidente americano. No início da semana, o bilionário chamou Peter Navarro, um dos conselheiros da Casa Branca, de "imbecil".
O economista de 75 anos, apontado por muitos como a mente por trás da nova política de tarifas, foi escolhido por Trump para a posição de Conselheiro Sênior para Comércio e Manufatura em dezembro.
Na segunda-feira (7), em entrevista à CNBC, Navarro disse que Musk não seria um "fabricante de carros", e sim um "montador", alegando que a maior parte das peças utilizadas pela Tesla é importada. O bilionário respondeu, no X, que o economista era um "imbecil" que fazia declarações "falsas".
Defensor de tarifas
Peter Navarro é visto como um dos maiores defensores de políticas externas mais protecionistas para o governo americano. As ideias do economista foram usadas para embasar o posicionamento de Trump sobre o aumento de taxas de importação, especialmente para os países com maior "déficit comercial" com os EUA.
Na prática, os primeiros dias de tarifaço causaram incertezas e inseguranças no mercado financeiro mundial, com impactos em diferentes bolsas de valores. A Casa Branca está em um embate com a China, aumentando constantemente o valor da taxação, que chegou a 145%.
Empresas com visões antes aliadas de Trump, como as próprias companhias comandadas por Elon Musk, estão demonstrando preocupação com possíveis aumentos nas taxas de juro e na inflação.
Nesta quinta-feira (10), senadores pediram que o presidente seja investigado por uma possível "manipulação de mercado".
Histórico de polêmicas
A troca de farpas com o dono da Tesla e da SpaceX não foi o primeiro embate público que Navarro protagonizou. O conselheiro esteve envolvido em diferentes polêmicas ao longo dos últimos anos.
Durante o primeiro mandato de Trump, o economista foi escolhido para comandar o Conselho Nacional de Comércio e, mais tarde, o Escritório de Políticas Comerciais e Manufatura. Doutor em economia com diplomas das Universidades de Tufts e Harvard, ele recebeu a missão de ajudar a implementar a política protecionista do republicano.
Navarro também chamou atenção por ser o primeiro ex-funcionário da Casa Branca preso por desacato ao Congresso americano. Ele se recusou a cumprir uma intimação judicial que solicitava a entrega de documentos à comissão que investigava o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021. Em janeiro do ano passado, o economista foi condenado a quatro meses de prisão.
Especialista "de mentira"
Um dos principais episódios que marcou a imagem de Peter Navarro aconteceu durante o primeiro mandato de Trump, quando a imprensa revelou que o conselheiro havia citado um especialista chamado Ron Vara em diversos livros.
Vara seria formado em Harvard e estava presente em seis das 13 obras de Navarro. Uma professora da Universidade Nacional Australiana resolveu analisar as citações a fundo e descobriu que se tratava de um alter-ego, como explicou o jornal O Globo. Ela chegou a confirmar com a universidade que não existiam registros de um autor com esse nome.
Na época, Navarro admitiu ter criado um pseudônimo para "opinião e entretenimento", não fatos. Mesmo assim, o episódio ganhou ampla atenção e cobertura.
Uma das críticas que Elon Musk fez no início da semana até incluíam referências ao ocorrido. O dono da Tesla disse que o economista deveria falar com o "especialista de mentira que ele inventou".