Ser prática na hora de resolver problemas e investir com intensidade em seus projetos é a marca registrada de Marcela Roesler. Aos 32 anos e mãe de dois filhos, ela comanda a Clínica Merece, em Passo Fundo, com uma proposta na qual ela acredita desde os tempos da faculdade, quando cursou Estética na Universidade do Vale do Taquari (Univates) e deu início a conquista da sua independência.
– Eu sempre quis oferecer para as pessoas um conceito de estética integrativa. A Clínica Merece nasceu porque as pessoas merecem um momento de se cuidar e ter uma atenção para a saúde, por isso acredito que oferecemos muito mais que tratamentos estéticos e terapêuticos – comenta Marcela.
Além da clínica, ela também ajudou a fundar a Lídera, uma associação de mulheres empreendedoras que desenvolve a cultura do empreendedorismo e da liderança feminina. Lá é mais um espaço que Marcela leva adiante uma de suas bandeiras: a prosperidade.
– Meu conceito de prosperidade é de dar vida e função a tudo que eu toco. Sou uma pessoa coletiva. O mundo é feito de conexões e acredito que nossos relacionamentos acontecem para o desenvolvimento do nosso espírito. Minha causa é viver a vida intensamente – explica a empresária.
Marcela conta ainda que acorda todos os dias às 4h30min e segue uma agenda que possui mais de 20 atividades distintas, que incluem o trabalho na clínica e a indústria de dermocosméticos Dermatiká, além de mentorias individuais e para grupos de mulheres. Essa diversidade de tarefas e a possibilidade de trazer bem-estar para as pessoas é seu modelo de felicidade.
– Gosto de viver assim, acreditando que realmente a vida é uma dádiva – afirma a esteticista, que tem investido cada vez mais na mentoria como forma de colaborar com a qualidade de vida das mulheres.
Marcela diz também que não quer ser um modelo, mas sim uma motivadora para que cada mulher encontre a sua própria estrada.
– Quero que cada uma encontre na sua própria personalidade a intensidade para viver uma vida abundante de resultados. Resultados na família, na autoestima, na identidade e na construção de suas vidas. É o que eu quero fazer até morrer: orientar mulheres a viverem o máximo das suas personas – enfatiza.
Toda a intensidade de Marcela garantiu seu lugar no projeto Tinha Que Ser Mulher, uma iniciativa de GZH Passo Fundo que está apresentando histórias inspiradoras durante o mês dedicado às mulheres. Confira mais sobre Marcela Roesler na entrevista a seguir:
Quem é a Marcela? Conte um pouquinho da sua história.
Sou de Lajeado e hoje moro em Passo Fundo. Comecei a trabalhar com 12 anos, como auxiliar de uma professora de manicure. Eu dava aula para, em média, nove mulheres por noite. Eu ia ensinando e escutando as histórias, que envolviam família, casamento, filhos, divórcios e brigas, além das conquistas e felicidades. Eu estudava o dia todo e dava as aulas com o objetivo de custear alguns gastos. Sempre tive muita energia e minha mãe dizia que o melhor modo de aproveitar isso era trabalhando. Meus pais eram muito exigentes. Era uma família humilde, mas o maior bem que minha mãe me deu foi poder fazer o Ensino Médio em uma escola particular. Eu aprendi tudo sobre depilação, maquiagem e limpeza de pele. Tudo que eu ia aprendendo, ia aplicando nas minhas amigas e nas mães delas. Quando não estava dando aula, estava fazendo unha ou depilação nas minhas amigas. Com 17 anos, eu quis escolher uma graduação e optei por estudar estética e fui aprovada em segundo lugar na Univates. Segui trabalhando para bancar os meus estudos. Como sempre fui autônoma, precisava faturar. Além de atuar em salões de beleza, também dava aula para as minhas colegas de faculdade que tinham alguma dificuldade no curso. Também atuei com voluntariado e me inscrevi na A Junior Chamber International (JCI), uma ONG que tem como uma das políticas a oratória e o debate. Fazia muitos cursos e também oferecia cursos para crianças de escolas carentes. Isso fez com que eu me desenvolvesse até que fui convidada para trabalhar em uma clínica de estética na cidade de Estrela.
Como foi esse início no mercado da estética?
Dei o meu melhor e aprendia rápido. Quando estava com tempo livre, captava clientes e trazia sugestões. Sempre fui empreendedora e atuei em várias frentes, com felicidade e vendo a criatividade como um benefício do meu trabalho. Foi quando o médico que atuava nessa clínica me fez uma proposta para abrirmos um negócio em Lajeado. Ele fez todo o investimento e eu entrei com o trabalho.
E como Passo Fundo surgiu na sua vida?
Vim para a cidade fazer um curso e conheci meu marido em um dos eventos da JCI . Então decidi me mudar para a cidade em um ano. Entreguei meu trabalho na clínica em Lajeado e comecei tudo do zero em Passo Fundo. Cheguei a ter uma parceria com uma fisioterapeuta, mas não seguimos, pois eu queria expandir. E assim a Clínica Merece nasceu, desde o início pensada para ter um modelo replicável para mais cidades. Ali ativei minha veia empresarial e a liberdade de criar. No meio de tudo isso, tive meus dois filhos, Benjamin, de 6 anos, e Bibiana, de 4 anos, além do meu enteado de 14 anos. Ano passado, adquiri uma cota de uma indústria de dermocosméticos, a Dermatiká.
Qual o maior desafio que você já enfrentou apenas por ser mulher?
Nunca pensei muito sobre isso. Claro que sentimos diferenciação quando sentamos em uma mesa de negociação apenas com homens. Eles tendem a usar o emocional da mulher contra ela mesma. Mas me organizo muito para chegar nesses momentos equilibrada, para que isso não interfira nos meus resultados. Já enfrentei algumas situações por conta de ser jovem. Comecei a clínica com 19 anos e, mesmo tendo experiência, as pessoas não acreditavam que eu sabia o que estava fazendo. Por isso me dediquei tanto a trabalhar.
O que você diria para a Marcela de 10 anos atrás?
Vai dar certo, mas não vai ser linear. O crescimento de uma vida é totalmente fora do controle, mas você precisa aguentar, se manter firme e pedir ajuda de pessoas que já passaram por isso.
O que é ser mulher para você?
Ser mulher é sinônimo de crescimento e nunca houve a opção de não evoluir. Acredito que Deus nos dá dons de sensibilidade e desenvolvimento e ser mulher para mim é isso: proliferar, não somente filhos, mas fazer crescer tudo o que colocamos a mão.
Qual o seu maior sonho realizado como mulher? E um sonho que ainda não alcançou?
Ter filhos foi o maior sonho que realizei como mulher. E o que eu ainda não realizei é uma carreira internacional, mas estou no caminho. Tenho certeza que as próximas viradas de chave serão custosas, mas toda evolução passa por desafios.