
Parte das celebrações de Páscoa entre os gaúchos, a colheita da macela começou cedo nesta Sexta-Feira Santa (18). Em Passo Fundo, moradores madrugaram em busca das plantações da erva medicinal — muitos já estavam em uma das áreas onde a planta cresce, às margens da BR-285, por volta das 4h30min.
Segundo a crença católica, a erva que é símbolo do Rio Grande do Sul é abençoada pelo orvalho da madrugada. A tradição diz que a macela deve ser colhida antes do nascer do sol para ter as propriedades potencializadas.
Entre os moradores que acordaram cedo para recolher a erva estava o motorista Marcos Lima Teixeira, que repete o antigo ritual todos os anos ao lado da esposa.
— A gente se programa cedo da manhã, nos deslocamos para o local à procura desse remédio, que é uma tradição nossa de todos os anos. Cada vez está mais escasso, mas a gente não desiste, sempre consegue achar — disse.
O uso da planta como remédio tem embasamento científico: o extrato de macela auxilia no tratamento da má digestão e também dores no estômago. A planta também é anti-inflamatória e pode ser utilizada no tratamento de infecções.
Além da macela, o poejo também é procurado pelos moradores, apesar de mais difícil de ser encontrado. A erva é utilizada para aliviar sintomas de resfriados, tosse e bronquite.
Semeadura em Ijuí

No noroeste do RS, o Clube de Corredores de Ijuí iniciou uma corrida por volta de 6h e, no meio do trajeto, cada atleta recebeu maços da erva.
Devido à escassez da planta na região, os participantes também semearam mudas de macela durante o percurso, como forma de garantir a presença da espécie nos próximos anos.
Além da preservação ambiental, o encontro mobilizou os corredores a doar chocolates, que serão entregues a crianças em situação de vulnerabilidade social.