Pinheiro, figueira e ipê roxo: essas são algumas das cerca de 50 árvores mantidas em "versão miniatura" na coleção de bonsais de Antônio Carlos Damiani, em Passo Fundo.
As espécies ficam em uma floricultura na Vila Exposição e podem ser visitadas por quem admira a arte milenar asiática.
Na tradução literal, bonsai significa "árvore em bandeja". É possível cultivar qualquer espécie nessa forma de cultivo, mas pode demorar até 10 anos até que a planta alcance a qualidade ideal.
Entre as diferentes espécies da coleção está o bonsai da espécie Juniperus formosana, que aguarda um vaso vindo da China para ser realocado. Isso porque o ideal é que a árvore seja plantada em um vaso de cerâmica com até 55 centímetros de circunferência — maior que os fabricados no Brasil, que chegam a 50cm.
Original de Taiwan, mas trazida do Museu do Bonsai do Brasil em Esmeraldas (MG), a espécie tem cerca de 30 anos. Desse tempo, Damiani trabalha na sua arte de bonsai há cinco.
Os valores para adquirir a planta variam de R$ 100 a R$ 6 milhões, dependendo da origem e da técnica artística. A vida de um bonsai pode chegar até 1 mil anos, como é o caso da espécie Ficus em Crespi, da Itália.
— Eles podem durar muitos anos. Nós vamos e eles ficam. Essa é a ideia — explicou o bonsaísta.
Como tudo começou
A paixão de Damiani pela técnica de bonsai começou em 2015 após uma série de eventos traumáticos. Engenheiro mecânico e administrador por formação, ele foi forçado a fazer uma mudança de vida e encontrou a atividade que o transformou em um bonsaísta.
De lá para cá, deu cursos em diferentes estados do Brasil, como Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Também aprendeu com alguns dos maiores mestres da técnica do mundo, como Daniel Haetinger e o italiano Mauro Stemberger.
Da atividade que começou como um hobby, Damiani transformou em uma profissão que chamou a atenção de professores universitários, pós-graduados da área de biologia e agronomia e até amantes da arte oriental.
Hoje ele dá aula para iniciantes e níveis mais avançados pelo menos uma vez por mês onde explica sobre técnicas como a aramação, a poda e a desfolha.
— A técnica da aramação serve justamente para você formar e posicionar a planta do jeito que você quer. A poda também é muito importante porque se você não fizer a árvore fica desforme e pode até morrer com o tempo. Tem plantas que é necessário realizar a poda até duas vezes por mês, mas em média se realiza a manutenção entre um a cada dois meses. Tudo depende de cada espécie, por isso é importante aprender — explica.
Nasce um bonsai
Segundo Tunico, como Damiani é conhecido, os bonsais requerem atenção e água regularmente. No verão, por exemplo, a rega chega a ser duas a três vezes por dia, qualquer espécie.
— O ideal é utilizar vasos de cerâmica que tenham furos onde o excesso de água possa escoar, senão pode formar gases e apodrecer as raízes. Por isso também a importância de uma matéria orgânica bem construída — conta.
Há quem se engane ao pensar que a planta se alimenta de adubo ou da própria terra. Segundo o profissional, apenas 20% do substrato da base é destinado para a terra. O restante, além do adubo, precisa ser complementado com outros tipos de matéria orgânica, como cascalho de telha.
E sol — muito sol. Algumas espécies necessitam de 2 a 3 horas de exposição solar por dia para realizar a fotossíntese, principal fonte de alimento para a planta além da água.
Serviço
- O que: coleção de bonsais do Tunico
- Onde: Floricultura Terra e Cor Flores e Jardim, Rua Julio Grandin, nº 4660, Vila Exposição, Passo Fundo
- Horários: de segunda-feira a sábado, das 9h às 12h e das 13h30min às 18h. No sábado o local fecha às 17h.
- Mais informações: através do Instagram @tunicobonsai ou do telefone (54) 9 9981-2244.