![Paulo Ricardo dos Santos / Arquivo Pessoal Paulo Ricardo dos Santos / Arquivo Pessoal](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/7/5/9/1/1/9/4_fa3857359eda844/4911957_915ee1eab157b97.jpg?w=700)
Com 384 estabelecimentos religiosos, Passo Fundo concentra a maior fatia de templos do norte gaúcho, com 40% do total. O dado é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que passou a levantar todos os endereços dos municípios brasileiros por meio de georreferenciamento no Censo de 2022. O órgão em Passo Fundo abrange outros 25 municípios da região, que somam 581 centros dedicados a diferentes religiões.
Soledade e Marau aparecem em segundo e terceiro lugar, com 116 e 92 templos, respectivamente. Nos três casos, as cidades têm mais estabelecimentos religiosos do que instituições de ensino, assim como um número maior ou igual ao de centros de saúde.
De acordo com o representante religioso e sacerdote de matriz africana, Ipácio Carolino Pinto, o fenômeno pode ser explicado pela ausência da estrutura social em certos locais.
— Esses templos indicam que as pessoas estão indo buscar o acolhimento que outros aspectos da estrutura social não dão conta. No entanto, sabemos que, ao longo da história, a religião mais desinforma e deseduca do que o contrário, então essa presença em excesso pode ser um risco ao senso crítico da sociedade — pontua.
Presença religiosa
As coordenadas geográficas dos municípios só passaram a ser coletadas no último Censo pelo IBGE, o que impossibilita avaliar a evolução em números do cenário ao longo das últimas décadas. No entanto, a análise do estudioso é de que apesar do aumento visível no número de centros evangélicos, os terreiros de matriz africana também tiveram crescimento expressivo.
— Estima-se em torno de 700 terreiros em Passo Fundo, o que reflete o território gaúcho como um todo. O Rio Grande do Sul é considerado o Estado com o maior número de terreiros do país, inclusive mais do que a própria Bahia. Porém, os terreiros operam de maneira discreta, raramente com identificação, ao contrário das religiões cristãs — destaca Ipácio.
Conforme o coordenador regional do IBGE, Jorge Bilhar, o número de templos mostra uma estimativa da presença religiosa na cidade, mas uma vez que as atualizações não são simultâneas, a quantidade pode variar.
— Nem todos os locais querem ser identificados, como é o caso das religiões de matriz africana, muita vezes por medo do preconceito ou violência. Então o levantamento traz uma aproximação da realidade, mas esta contagem pode variar — explica Bilhar.