
O salário das mulheres que atuam no mercado formal de Passo Fundo é 11,7% menor que o pago aos homens. Enquanto elas recebem, em média, R$ 4.557,65 por mês, a remuneração deles é de R$ 5.199,54, segundo dados de 2022 da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o último divulgado.
A diferença ocorre em todas as faixas etárias e fica atrás das porcentagens de desigualdade salarial no Brasil e Rio Grande do Sul. A nível nacional, mulheres recebem 19,4% a menos, enquanto no Estado a diferença média é de 22%. Quanto falamos de mulheres negras, os salários tendem a ser ainda menores.
Em 2022, quando os dados foram computados, as principais funções exercidas por mulheres eram:
- faxineira
- vendedora em comércio varejista
- operadora de caixa
- assistente administrativo
- auxiliar de escritório
Entre os homens, os cargos mais comuns eram de motorista, vendedor, alimentador de linha de produção, técnico em informática e repositor de mercadorias.
Reflexo social
Segundo a economista e professora da Universidade de Passo Fundo (UPF), Cleide Moretto, a desigualdade salarial tem a ver com a depreciação do capital humano feminino, a menor acumulação por causa da maternidade e a escolha das mulheres por ocupações que, em geral, pagam menos e tendem a ser mais flexíveis por conta das responsabilidades domésticas.
Outro aspecto é a discriminação de empregadores por trabalhadoras que são ou têm potencial para serem mães.
— As mulheres com filhos são vistas como mais propensas a deixar o emprego para se dedicar à vida familiar e, após o nascimento dos filhos, reduzir suas horas em atividades remuneradas — relatou.
Com mais tempo gasto nos cuidados domésticos, a chance é maior de que mulheres busquem atividades informais, empregos de meio-período com menores salários ou até deixem o mercado de trabalho. Esse cenário não é exclusivo de Passo Fundo ou do Brasil, mas chama a atenção em quase todo o mundo, apesar de ser mais expressiva nos países em desenvolvimento.
— A Agenda 2030 das Nações Unidas coloca a igualdade de gênero como uma das metas do desenvolvimento sustentável. Imaginemos um cenário em que não exista essa desigualdade: o volume de rendimentos seria maior para a sociedade como um todo — pontuou a economista.