Por Gabriel Wainer, apresentador do @RivoNews
Após procuradores-gerais de 18 estados moverem ações para barrar o decreto do presidente americano, Donald Trump, que acabou com a cidadania automática para filhos de imigrantes ilegais, um juiz federal em Seattle declarou que a ordem é claramente inconstitucional e suspendeu sua aplicação temporariamente.
O decreto de Trump foi o cumprimento de uma promessa de campanha. O novo presidente americano fez exatamente o que havia garantido ao eleitorado que o elegeu, apesar dos alertas de conselheiros que enfatizaram que a medida encontraria barreiras constitucionais. Isso porque a 14ª emenda da Constituição dos Estados Unidos é bem clara ao dizer que todas as pessoas nascidas ou naturalizadas em território americano são automaticamente cidadãs do país e do estado onde residem.
Mas isso não quer dizer que a proposta não vai prosperar, muito menos que não deva. Primeiro porque é possível modificar a Constituição americana através do Congresso e da ratificação da maioria dos Estados, um processo longo e complexo, mas viável. E depois porque a maioria dos americanos é a favor de mudanças radicais na política de imigração, de acordo com um levantamento do Pew Research Center do fim do ano passado.
A imigração em massa precisa ser discutida onde se tornou um problema, como nos EUA, na França ou na Alemanha. Mas a retórica predominante na maioria dos círculos políticos e midiáticos insiste em tratar a questão como um tabu moral. É uma postura que não só enfraquece o debate público, mas que também ignora as pressões reais que a imigração descontrolada exerce sobre uma nação.
A verdade é que a solidariedade global irrestrita pode ser nobre e ética, mas países têm limitações logísticas, econômicas e culturais. Não deveria ser um tabu concordar com a premissa de que os cidadãos de um país devem ser priorizados por seus governos, nem deveria causar espanto pensar que sua identidade cultural deve ser preservada. Ignorar a realidade em nome de discursos moralizantes é covardia e negligência política.