Por Daniela Russowsky Raad, presidente da Federação Israelita do RS
O Dia Internacional da Lembrança do Holocausto marca um dos momentos mais sombrios da humanidade. É uma data para refletir sobre crenças e ações, reafirmando os valores fundamentais que devem prevalecer.
Em 27 de janeiro de 1945, 7 mil prisioneiros foram libertados de Auschwitz, complexo de campos de concentração nazista onde cerca de 1 milhão de judeus foram assassinados. A máquina de extermínio operava a pleno vapor, matando 6 mil pessoas por dia. Auschwitz foi apenas um dos mais de 40 mil campos construídos pelo regime nazista.
O ódio contra os judeus, mais uma vez, atinge proporções alarmantes
O ódio resultou no Holocausto: 6 milhões de judeus assassinados em um plano meticuloso de extermínio. A população judaica na Europa, antes de 9 milhões, foi reduzida a um terço. Perseguidos, torturados e mortos, vítimas da intolerância e do preconceito. E os judeus não foram os únicos: ciganos, pessoas com deficiência, perseguidos políticos, testemunhas de Jeová, entre tantos outros.
Em 7 de outubro de 2023, o dia em que mais judeus foram assassinados desde o Holocausto, vimos que o ser humano ainda pode atingir o ápice da crueldade em nome de uma ideologia perversa. Ainda mais preocupantes são os desdobramentos dessa onda de intolerância: da justificativa de assassinatos, estupros e sequestros à incitação do antissemitismo, alimentada pela disseminação de fatos inverídicos ou distorcidos. O ódio contra os judeus, mais uma vez, atinge proporções alarmantes; e, nesse conglomerado de intolerância, os judeus também não são o único alvo.
Como testemunhas das consequências do domínio de uma mentalidade extremista, devemos reafirmar o respeito à vida, à liberdade, à tolerância e à responsabilidade, como pilares inegociáveis da nossa sociedade. Mas, para combater o ódio, é preciso rejeitar ideologias radicais; para enfrentar a intolerância, é necessário condenar movimentos que pregam a destruição do outro; para preservar a liberdade, deve-se defender os princípios que a sustentam.
Passados 80 anos do Holocausto, o maior tributo às vítimas não é apenas resistir ao discurso de ódio, mas lutar e se posicionar, mesmo diante de todas as adversidades. Hoje, ao adotar a definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, o governo do Estado do Rio Grande do Sul reafirma esse compromisso. Que essa memória nos fortaleça na luta contra o ódio, para que nunca mais a humanidade se curve diante da intolerância e da barbárie.