Por Leandro Villela Cezimbra, secretário-geral da Câmara Empresarial Argentino-Brasileira do RS
Eleito com mais de 55% dos votos, Javier Milei e seus cabelos desgrenhados chama atenção por onde passa. Um outsider na concepção maiúscula da palavra. Falar em palavra, não as mede quando fala, mas também age de forma rápida.
A herança que recebeu foi uma economia destroçada, famílias vivendo nas ruas, passando fome e uma parcela importante da população dependendo de ajuda governamental.
Milei aprovou uma lei de base, “sem base no Congresso”, com apenas 39 representantes na Câmara e seis no Senado
Talvez a forma de condução não seja agradável à classe política, que Milei culpa pelas mazelas do país, gerando inimizades com o Congresso, mas nem assim deixa de aprovar as propostas de saneamento do país.
Milei aprovou uma lei de base, “sem base no Congresso”, com apenas 39 representantes na Câmara e seis no Senado, apesar dos protestos populares que puseram a capital de pernas para o ar.
Apesar de estar sempre em pé de guerra, seja com os políticos, seja com a imprensa, as ações do governo têm sido efetivas, em especial a redução da inflação, que caiu de 25% mensal para 2,7%; a redução do tamanho do Estado, com a supressão de ministérios, cargos em comissão e diminuição do quadro de funcionários públicos. Só na Afip (Receita Federal Argentina), 35% do quadro foi dispensado.
A obsessão pelo déficit zero tem sido a tônica das medidas, freando uma tendência dos governos de gastar mais do que arrecadam. Cessaram as transferências discricionárias às províncias, cortaram subsídios ao transporte e energia, suspenderam a publicidade estatal, as obras públicas, bem como promoveram uma desvalorização do peso. Em setembro, veio o tão sonhado superávit fiscal, cuja oposição refere ser artificial.
Curiosidades à parte, em que pese que a proposta de campanha era eliminar o Banco Central, caminhando para a dolarização, o que se vê atualmente é um fortalecimento do órgão, com maior autonomia e uma valorização do peso, que em novembro foi a moeda mais valorizada do planeta.
Ainda assim, nem tudo é positivo: a pobreza aumentou, afetando sua popularidade. Apesar disso, sua aprovação segue alta. Resta aguardar os próximos 365 dias e torcer por dias melhores.