Por Laura de Andrade, diretora da Associação Brasileira de Educação, Saúde e Assistência Social (Abess) e especialista em inclusão escolar
Nas últimas duas décadas, assistimos à ascensão dos smartphones, que transformaram profundamente o modo como vivemos, pensamos e interagimos. Essa conectividade ubíqua trouxe avanços inovadores, especialmente no que se refere ao acesso à informação. A chegada das redes sociais também revolucionou a forma como nos conectamos com o mundo e com outras pessoas, alterando a dinâmica do mercado de trabalho, das interações sociais e do contexto educacional — cujas consequências não podem mais ser ignoradas.
Situações como gravações não autorizadas de aulas, fotos tiradas sem consentimento e o uso de smartphones durante intervalos para jogos ou navegação em redes sociais fazem parte da rotina escolar
Estudantes, especialmente aqueles nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, passaram a utilizar seus aparelhos celulares dentro das escolas. Situações como gravações não autorizadas de aulas, fotos tiradas sem consentimento e o uso de smartphones durante intervalos para jogos ou navegação em redes sociais fazem parte da rotina escolar.
Estudos recentes apontam para os impactos negativos do uso dos celulares nas escolas, e entre os prejuízos identificados, estão o aumento dos níveis de ansiedade entre os estudantes, a diminuição da concentração e do interesse nas atividades de aprendizagem. Em resposta a esses desafios, muitos países se posicionaram contra o uso de celulares em ambientes escolares, regulando ou até proibindo o uso em determinadas situações. Diante deste cenário, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou, no final de outubro, projeto que proíbe o uso de celulares em escolas no Brasil. O PL ainda será apreciado por deputados e senadores.
Entendo que o desafio atual é encontrar um equilíbrio que permita o uso consciente e pedagógico da tecnologia, sem comprometer o ambiente de diálogo e interação que uma escola deve proporcionar. Soluções como a regulamentação do uso de celulares durante o período escolar, a promoção de campanhas de conscientização sobre o uso saudável da tecnologia, e a oferta de atividades que incentivam a socialização são algumas das alternativas que podem contribuir para uma melhor convivência entre a tecnologia e a educação.