Por Mauricio Harger, diretor-geral da CMPC Brasil
O mundo corporativo parece estar construindo um paradigma de duplo viés. Por um lado, a corrida tecnológica jamais esteve tão acirrada entre as empresas. Vide o fenômeno do ChatGPT, uma inovação que está chacoalhando todas as áreas. A reação se dá no âmbito da gestão, com uma demanda cada vez maior por empatia e escuta ativa nas relações, características que se destacam na liderança feminina.
Dentre suas competências mais evidentes, destaca-se que as mulheres conseguem tornar ambientes menos autoritários e mais cooperativos, o que estimula o trabalho em equipe e o engajamento dos colaboradores. A comunicação e a compreensão acerca das necessidades da estrutura e do time despontam como traços que contribuem para resultados assim. São trajetórias marcadas por um maior senso de consciência, pela excelente organização e pela alta capacidade de interpretação – habilidades tão necessárias à alta gestão.
As corporações têm ecoado os debates globais acerca da equidade de gênero. Mas não se trata apenas de seguir a maré. A rigor, o talento e a capacidade femininos fazem enorme diferença na última linha. Um levantamento da McKinsey & Company mostrou que organizações que investem em diversidade de gênero têm 25% a mais de chances de ter rendimentos acima da média. Outro estudo – este do Workplace – revelou um aumento de 21% nas chances de haver mais lucratividade quando a força de trabalho é plural.
A rigor, o talento e a capacidade femininos fazem enorme diferença na última linha
Outro aspecto favorável da presença feminina na gestão das empresas é a construção de imagem e reputação. A pesquisa Consumers’ Brand Expectations Around Diversity & Inclusion in 2021 demonstrou que metade do público consumidor tem mais inclinação para consumir marcas que adotem a diversidade.
Esses indicadores são mais um estímulo para motivar as empresas a entender o caráter vital de investir em lideranças femininas. No Brasil, apesar dos percalços, o cenário vem melhorando. Em 2019, por exemplo, as mulheres ocupavam 25% dos cargos de gestão. Hoje são 38%, acima da média da América Latina (35%). Percentuais ainda inferiores a países como África do Sul (42%) e Turquia (40%). O dado é de uma pesquisa da consultoria Grant Thornton.
Ainda há muitos obstáculos para a consolidação da liderança feminina. Mas já começamos a caminhar rumo a um equilíbrio que é salutar para toda a sociedade.