Por Alfredo Fedrizzi, conselheiro, consultor e jornalista
Muita gente ainda está impactada com os efeitos da tempestade da última quarta-feira. A falta de preparo dos órgãos públicos para prever e atender esses casos – a CEEE deixou parte da população mais de 48 horas sem luz, inadmissível em qualquer país! E ficou o temor de que outros temporais aconteçam e situações como essa se repitam. Este já é o segundo, em pouco tempo, com grande poder de destruição.
O aquecimento global deu as caras em Porto Alegre! Depois de tantas manifestações desconexas e sem nenhum sentido com a realidade, feitas pelas autoridades do Governo Federal, como de que o aquecimento global não existe, que isso é uma invenção da esquerda e aberrações do gênero, vem um dos maiores capitalistas do planeta e diz o contrário. Larry Fink é o CEO e Presidente do Conselho da BlackRock, o maior fundo gestor de investimentos do mundo – administra uma quantia inimaginável: U$ 6,96 trilhões (R$ 29 trilhões). Ele afirma que as alterações climáticas são fundamentais para o futuro das empresas. A BlackRock cuida do dinheiro de pessoas em dezenas de países que tem objetivos financeiros de longo prazo, como a aposentadoria. Investem em empresas que tenham mais valor no longo prazo e não fiquem só querendo ganhar dinheiro agora. Fink afirma que a consciência das pessoas está mudando rapidamente e está fazendo os donos do dinheiro do planeta reavaliarem em quais empresas vão apostar. Fink está orientando seus clientes a não investirem e até mesmo tirarem seus dinheiros de empresas não sustentáveis, pois os riscos de enchentes, secas, incêndios, aumento do valor de alimentos, podem ser resultado das temperaturas extremamente altas e outros impactos climáticos.
Além dos governos, as empresas privadas também são responsáveis por cuidar da sua parte: desperdícios, poluição, uso de materiais sustentáveis na sua cadeia de suprimentos, práticas trabalhistas e ética. “Todos os governos, empresas e acionistas devem enfrentar as mudanças climáticas”, afirma Fink. “As empresas precisam entender seu novo papel na sociedade. Não podem alcançar lucros a longo prazo sem considerar as necessidades de todas as partes. Quando aumentam impiedosamente preços, reduzem a segurança, não respeitam clientes, as empresas podem maximizar os retornos a curto prazo. Mas essas ações que prejudicam a sociedade irão prejudicar a empresa e destruir o valor para os acionistas”. Daqui para a frente, as empresas e países que não atenderem às partes interessadas e enfrentarem os riscos da sustentabilidade, encontrarão mais dificuldade em conseguir investidores. As empresas com essa consciência e com o propósito de servir todas as partes envolvidas no processo de desenvolvimento, especialmente o planeta, são as empresas que vão desfrutar da prosperidade!