São estarrecedoras as conclusões do estudo conjunto entre o Ministério da Economia e o Movimento Brasil Competitivo (MBC), apresentado na quinta-feira, que desnuda o quanto as empresas instaladas no país são oneradas a mais em relação à média das nações da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Burocracia, emaranhado tributário, insegurança jurídica, infraestrutura precária, capital humano e vários outros entraves encarecem os negócios em astronômicos R$ 1,5 trilhão, conclui o levantamento. Se a projeção for correta, seria equivalente a 22% do PIB. É o famigerado custo Brasil, agora na ponta do lápis.
A partir do diagnóstico feito pelo estudo, o governo federal promete colocar em prática o chamado Programa de Melhoria Contínua da Competitividade
Nota-se que não são à toa as recorrentes queixas de empresários quanto ao ambiente inóspito para empreender e investir no Brasil. Nem surpreendem as posições brasileiras reiteradamente vexatórias em rankings globais de competitividade. O resultado aparece nos níveis medíocres de crescimento da economia. Com a realidade escancarada e esmiuçada em números, é inadiável agir para começar a suplantar a montanha de obstáculos.
A partir do diagnóstico feito pelo estudo, o governo federal promete colocar em prática o chamado Programa de Melhoria Contínua da Competitividade. Os compromissos incluem até a criação de uma plataforma com acesso franco para que se possa acompanhar a evolução dos 12 indicadores avaliados. Talvez uma das prioridades, pelo assombro das cifras, seja o de capital humano. Mostra o estudo que empregar, no Brasil, pode custar até R$ 320 bilhões a mais do que a média da OCDE. Além dos altos custos de contratação e dos riscos relacionados a processos trabalhistas, o Brasil está atrasado demais na produtividade da mão de obra. A qualificação só evoluirá com um esforço imenso na educação, desde o ensino básico. Sem uma base que amplie a capacidade dos brasileiros de adquirir novas habilidades, o país seguirá condenado à segunda divisão do desenvolvimento global, permanecendo apenas como um importante fornecedor de produtos básicos.
Mesmo que se lamente o ritmo aquém do desejado, o país discute importantes reformas estruturais. Mas é preciso muito mais para elevar a competitividade brasileira. Enquanto marcamos passo, outros países aceleram na infraestrutura, no ensino e na arquitetura de ambientes favoráveis aos negócios. É com esta turma do primeiro pelotão que o Brasil precisa ombrear. Caso contrário, corremos o risco de continuar sendo o país que eternamente aguarda o futuro. É preciso arregaçar as mangas e colocar o Brasil em nova marcha, antes que seja tarde demais.